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MAGAZINE LUIZA

terça-feira, 29 de abril de 2014

Especialistas explicam como jovem sobreviveu em trem de pouso de avião

Na madrugada da última segunda-feira, um adolescente entrou no compartimento do trem de pouso de um avião para voar como clandestino até o Havaí.


Um assunto intrigou todo mundo, durante a semana. A história do adolescente que fugiu de casa e sobreviveu viajando escondido mais de quatro horas no trem de pouso de um avião.

Quando pulou uma cerca, na madrugada da última segunda-feira, e entrou no compartimento do trem de pouso de um avião para voar como clandestino, o adolescente de 15 anos passou muitas vezes perto da morte. Mas desembarcou vivo no Havaí, depois de cinco horas e meia no ar rarefeito e com temperaturas muito abaixo de zero.

O Fantástico pergunta: como isso aconteceu?

O avião era igual ao Boeing-767 do vídeo acima. Provavelmente o adolescente subiu como quem sobe na carroceria de um caminhão. Foi se apoiando no local, subiu no pneu, se segurou nas barras e conseguiu entrar por um buraco.

Nas fotos do avião da Hawaiian, a porta com aviso de “não pise” está cheia de pegadas do garoto. A porta se abre repentinamente quando o avião já decolou e ganhou altitude.

“O piloto comanda o trem pra subir: a primeira ação que acontece é a porta abrir, então, vem o trem de pouso e entra nesse compartimento”, destaca Ricardo Perez, mecânico de aeronaves.

Muitos passageiros clandestinos caem do avião em voo.

“Esse avião aqui decolando a quase 200 por hora, com porta abrindo pra recolher o trem, turbulência de ar que acontece dentro do local é medonha. Não dá nem pra imaginar está dentro num momento desse”, disse Ricardo Perez.

Quando a porta se fecha de novo, o compartimento está tomado pelo trem de pouso.

Ricardo Perez: As rodas vão ficar mais ou menos nessa condição.
Sônia: Provavelmente ia se segurar em uma barra?
Perez: Sim, sim. Ou entrar nesse canto.
Sônia: Mas cabe uma pessoa?
Perez: Cabe com jeito dá pra passar. No local, seria uma forma de ficar até bem seguro. Voando abraçadinho nesse canto.
Sônia: E se ele desmaia, fica preso pelo próprio joelho.
Perez: Exatamente. Ele vai apoiar em cima desse braço e vai voar sentado.


O compartimento não é pressurizado. E quanto mais o avião sobe, mais rarefeito fica o ar. No Instituto de Medicina Aeroespacial da Força Aérea, uma série de laboratórios prepara aviadores para enfrentar situações de emergência.

Na câmara do vídeo acima, é possível simular as condições de ar rarefeito em diversas altitudes e ao mesmo tempo acompanhar as reações do organismo nessas condições. Numa altitude de cruzeiro, por exemplo, a mais de 10 mil metros, se houver uma despressurização da cabine, a pessoa pode perder a consciência muito rápido, desmaiar em menos de um minuto.

O teste do vídeo acima é de rotina. Na câmara os tripulantes vão sentindo os efeitos da hipóxia, a falta de oxigênio no sangue. Primeiro perdem a capacidade de responder a perguntas simples. Em seguida, a consciência.

O voo da Hawaiian Airlines chegou aos 12 mil metros de altitude, bem mais alto que o topo do Everest.

Na subida, os gases que estão na nossa corrente sanguínea se expandem e podem provocar embolia.

Fantástico: E isso pode matar?

“Dependendo do tamanho dessa bolha, pode matar. Ou se não matar, produzir sequelas tipo um acidente vascular cerebral”, disse o Coronel Marcos Leiros, diretor do Instituto de Medicina Aeroespacial.

Tadeu: Sônia, a gente viu que esse garoto, de apenas 15 anos, enfrentou a situação de altíssimo risco. Como ele sobreviveu?
Sônia: Segundo os especialistas, quando começou o frio mais intenso, ele já estava desmaiado. E isso elimina dois fatores de risco: que são o estresse e a descarga de adrenalina. Que deixa a pessoa mais agitada, pedindo mais oxigênio. Em vez disso, o que aconteceu? Ele foi esfriando E tudo no organismo foi ficando mais lento. Os batimentos cardíacos, a menos de 30 por minuto, quando o normal é ficar entre 60, 80; a respiração espaçada; e o cérebro demandando menos oxigênio. E o oxigênio era exatamente o que ele não tinha naquela altitude.
Tadeu: Ou seja, ele estava realmente igualzinho a um animal em hibernação.
Sônia: Exatamente.

Nos hospitais do Rio, o resfriamento de pacientes após parada cardíaca é pratica comum. Mas fora da UTI, como garantir que essa temperatura não caia demais provocando em vez de hibernação, a morte.

“Você tem que imaginar que outras coisas estavam acontecendo. Ele tinha uma fonte de calor próxima ou a hipotermia que ele se sujeitou não foi tão grande. Mas uma hipotermia grave por cinco horas é difícil que a pessoa sobreviva”, disse o neurologista Bernardo Liberatto.

Sônia: Passa algum tipo de calor por esses canos aí atrás?
Perez: Sim. No local, são tubulações hidráulicas. A gente tem calor, produzido pelo movimento do fluido dentro dos tubos. Além do próprio calor que vem do pneu e do freio.

Os pneus sobem tão quentes que a temperatura chega aos 50 graus no local. E vai esfriando na altitude, porque o ar fora do avião é de 60 negativo. Médicos espanhóis mediram a temperatura dentro do trem de pouso em voo. E descobriram que depois de oito horas, ela ficou entre seis e dez negativos. Frio, mas bem mais suportável do que os 60 negativos do lado de fora do avião. Foi por isso que ele não morreu congelado.

O garoto ainda escapou de cair quando o trem se abriu, quilômetros antes da aterrissagem.

O avião estava no chão há uma hora quando ele, já aquecido, recobrou a consciência. Saiu sozinho do avião. Foi encontrado na pista, desorientado.

Não foi preciso milagre para o menino sobreviver, mas uma super dose de sorte.

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