A preocupação do deputado Guimarães é uma demonstração da dificuldade para que a aliança seja mantida
O deputado José Guimarães, um dos petistas designados pela direção nacional do partido para cuidar de eleições municipais no Nordeste, deu, na segunda-feira passada, nas despedidas da presidente Dilma Rousseff, de Fortaleza, uma informação esclarecedora sobre as dificuldades existentes, quanto à manutenção da aliança entre o governador Cid Gomes e a prefeita Luizianne Lins, para a sucessão municipal em Fortaleza, neste ano.
Disse Guimarães, como está registrado nos impressos do dia 28 pretérito, ao lado da cobertura sobre a visita da presidente ao Ceará, que o ex-presidente Lula vai intervir no debate sucessório local para garantir a continuidade da aliança entre o PT e o PSB. Ora, evidente que se há necessidade da participação de Lula para resolver o problema, o quadro atual de relacionamento entre os dois principais líderes dessas agremiações não é tão promissor quanto alguns estavam atribuindo ser.
Como nos reportamos, no domingo passado, neste espaço, a conversa telefônica da prefeita Luizianne com o governador Cid, na sexta-feira, 24 de fevereiro, ficou circunscrita à visita da presidente Dilma, permitindo, como aconteceu, que ambos estivessem juntos em toda a programação cumprida pela chefe da Nação em Fortaleza e na sua Região Metropolitana. E nada além disso falaram, senão para um e ou outro dizerem que precisavam conversar pessoalmente.
Esclarecimentos
Não podia ser diferente. Não se negocia aliança política para um cargo majoritário de significativo colégio eleitoral como é o de Fortaleza em uma ligação telefônica. As consequências atuais e futuras de um acordo político para uma eleição de prefeito de Fortaleza exigem outro espaço para negociações. Ademais, no estágio de tensão alcançado pelas duas tendências políticas, por eles representadas, as conversações haverão de ser longas por que reclamarão esclarecimentos vários sobre muitos dos pontos geradores do atual quadro aflitivo das suas relações.
Guimarães tem a real dimensão da coisa. Ele é, sem dúvida, o petista que mais torce para garantir a continuidade da coligação em Fortaleza. Por essas e outras razões, como a dificuldade para a escolha de um nome petista agregador para ser o candidato aceito pelos aliados, o deputado traz o nome do ex-presidente Lula para o centro do problema. Não fosse grave a ameaça de rompimento, Lula seria poupado e os daqui mesmo resolveriam as pendengas.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, tem informações sobre como aqui não estão amistosas as relações entre os ainda aliados. O governador conversou com ele, ao telefone, recentemente, mas só para marcar um encontro, aqui, nos próximos dias. Depois de estar com Falcão, Cid vai marcar uma conversa com Lula, disse ele, reavivando o projeto anterior de dizer do seu interesse em continuar aliado, desde que o candidato petista atenda às condições já estabelecidas publicamente, ficando a conversa com Luizianne, ao que se depreende de tudo, para o momento seguinte.
Calendário
O governador tem o seu próprio calendário para tratar das eleições municipais, aqui e nos demais municípios do Estado. Já nos reportamos sobre isso. Ele quer acertar as alianças e definição de candidaturas quando estiver mais próximo do calendário das convenções partidárias, programadas para o mês de junho.
O calendário do PT é diferente. Até por questões de ordem definidas estatutariamente, o partido tem o mês de março como limite para suas definições sobre candidatos. É quando deve ser realizada a prévia, no caso de existir mais de um nome postulando a indicação partidária para disputar o cargo executivo.
A Luizianne interessa a realização da prévia. Ela tem o controle do diretório municipal, o espaço próprio para tratar de eleição municipal. Escolhido o seu candidato, o quadro fica irreversível, e as alianças só serão feitas com quem aceitar aquele petista, razão da inquietação de todos quantos, no partido, defendem coligações, principalmente com o PSB e o PMDB.
Respeitada
Este cenário é objeto de análise dos atuais parceiros da prefeita, daí a disposição do governador de tratar direto com a cúpula nacional petista, antes de iniciar a conversa conclusiva com Luizianne e que no PT fortalezense o fato de escolha do candidato se torne consumado.
E como esse imbróglio vai permanecer por um certo tempo, fica a observação de um dos mais importantes interlocutores de Cid Gomes, no caso o ex-ministro Ciro Gomes, para quem a decisão do governador de continuar ou não com a aliança será respeitada, mas o PSB municipal vai continuar trabalhando como se candidato vai ter para disputar a Prefeitura de Fortaleza em outubro próximo.
Todas as lideranças comunitárias ligadas ao PSB da Capital estão sendo animadas, pela cúpula partidária, exceção apenas do governador, com a perspectiva de que haverá um nome da agremiação em que eles votarão para prefeito de Fortaleza.
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