O presidente do PSB, Roberto Amaral, integra ala do partido mais ligada a Dilma e que tentou barrar a decisão de colaborar com o tucano
Após mais de três horas de reunião e com algumas divergências, a Executiva Nacional do PSB, o partido de Marina Silva, aprovou ontem o apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência. Foram 21 votos a favor contra 7 que optavam pela neutralidade. O senador João Capiberibe (AP) foi o único a defender o apoio a Dilma Rousseff (PT). Aécio compareceu à sede do PSB para receber mais esse apoio.
Aliado do PT e oposição aos tucanos durante boa parte de sua história, o PSB rompeu com o governo petista. No primeiro turno, o PSB acusou os petistas de patrocinarem uma campanha de mentiras contra a ex-senadora Marina.
A decisão do partido foi liderada pelo vice na chapa pessebista, Beto Albuquerque (RS), e pela seção pernambucana da legenda, a mesma do ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em agosto.
Entre os que divergiram da decisão está a ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, coordenadora-geral da campanha de Marina. Em uma fala incisiva, ela argumentou que o melhor seria a neutralidade devido às históricas diferenças entre o PSB e os tucanos.
A decisão do partido de Marina faz parte do processo montado por ela para, ao que tudo indica, selar a adesão à candidatura tucana hoje. Derrotada no 1º turno, ela costura um apoio dos partidos de sua coligação à essa decisão.
Mas seu grupo político, a Rede Sustentabilidade, ainda discutia ontem o rumo a ser tomado. Marina, porém, deve embarcar na candidatura do senador mineiro mesmo que não haja unanimidade entre seus aliados.
Além do respaldo dos partidos, ela quer obter de Aécio um claro compromisso com alguns pontos de seu programa, entre eles a defesa das reivindicações indígenas e o fim da reeleição.
Resistência
O grupo que buscava barrar o apoio a Aécio contava com o apoio do presidente da legenda, Roberto Amaral, que é mais próximo do PT. Na portaria da sede da sigla, em Brasília, chegaram a ser pregadas folhas com a inscrição: "Aqui o socialismo resiste. #nenhumvotonoPSDB". O PPS também já havia aderido a Aécio na última segunda-feira.
Everaldo e Jorge
O candidato do PSDB recebeu ontem oficialmente o apoio dos ex-candidatos Pastor Everaldo (PSC) e Eduardo Jorge (PV) para o segundo turno da corrida presidencial. Ambos estiveram em um evento do candidato do PSDB com seus aliados políticos ontem, em Brasília.
Também estiveram presentes governadores eleitos no último domingo, como Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Paulo Hartung, do PMDB do Espírito Santo, partido que é aliado aos tucanos no estado.
Eduardo Jorge destacou que sua decisão e de seu partido, o PV, de apoiar Aécio Neves, vem da comparação entre os programas de governo. O desenvolvimento sustentável foi, segundo ele, questão central. Jorge ressaltou ainda que não pediu nada em troca do apoio. "Não estamos pedindo nada ao candidato. Estamos pedindo apenas que ele ponha o Brasil no rumo do desenvolvimento sustentável", disse.
Pastor Everaldo, por sua vez, falou sobre um governo de Aécio voltado aos pobres. Everaldo disse que Aécio "representa a verdadeira mudança que o país está precisando". Ele destacou o compromisso do candidato tucano em manter o Bolsa Família.
Mais pobres
Em conversa com jornalistas, Aécio disse que, se for eleito, fará um governo voltado para as camadas mais pobres da sociedade. "Eu serei o presidente de todos os brasileiros, e principalmente daqueles que mais precisam da ação do Estado. Serei o presidente dos brasileiros mais pobres. Serei o presidente de todos", enfatizou.
Aécio disse esperar que a campanha seja pautada na apresentação de ideias para melhorar o País. "Eu não trato um adversário como um inimigo a ser batido de qualquer forma. Eu estou numa campanha política, e não em uma guerra. Quero apresentar propostas", declarou o tucano.
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