isoladas na região de Sobral
REGIÃO DE PALHANO
A quantidade de distritos e comunidades isoladas, em decorrência das enchentes no Estado, ainda não está consolidada. Mas estima-se que mais de 50 localidades encontram-se totalmente ilhadas, com dificuldade de acesso até mesmo para receber os mantimentos. De acordo com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Estado, o número pode aumentar. Alguns municípios que possuem comunidades isoladas foram divulgados ontem, mas ainda espera-se o resultado final, que deve sair quando o nível das águas baixarem.
Nessas áreas atingidas, os técnicos fazem o trabalho usando barcos e aeronaves com o objetivo de atender às comunidades, seja com entrega de mantimentos ou de atendimento médico. “Pelas informações dos municípios, sabemos que as águas estão baixando. Mas não conseguimos informações de outras cidades e por isso não podemos informar a quantidade exata. Acredita-se que pode aumentar a quantidade de distritos e comunidades isoladas”, informou a Defesa Civil.
Apesar de as chuvas terem diminuído no Estado, a Funceme registrou precipitação em 101 municípios. A maior chuva foi na cidade de Camocim, com nível de 45mm.
Na cidade de Palhano a cada dia que passa, aumentam os prejuízos e a preocupação com os atingidos pelas chuvas no Estado. Somente em Palhano, na região jaguaribana, cinco comunidades da zona rural estão completamente ilhadas. O acesso é difícil e a condição dos moradores preocupa. Com a perda total da safra de subsistência — milho, feijão e mandioca —, muitos deles não têm o que comer. Dependem exclusivamente de vizinhos, auxílio das cestas básicas distribuídas pela Defesa Civil do Estado ou compram fiado nas mercearias da cidade.
A equipe do blog meruocanews percorreu, em um barco motorizado cedido pela Prefeitura Municipal, a comunidade de Canto da Cruz. Para chegar às residências, este é o único meio de transporte disponível.
Na tentativa de ajudar no deslocamento dos moradores, a Prefeitura disponibiliza o barco de 5h às 18h.
Além de Canto da Cruz, as comunidades de Telha, Lagoa Cercada, Almas e Faíscas encontram-se na mesma situação. São casas alagadas, moradores preocupados em salvar os móveis e plantações totalmente perdidas. À medida que o nível do rio Palhano aumenta, os moradores ocupam, gradativamente, as casas localizadas mais acima do leito. Mesmo assim, algumas famílias continuam a ser removidas para os abrigos, localizados em escolas e centro de evangelização. Os agricultores ainda não sabem o que irão fazer par garantir o sustento das famílias.
O chefe da fiscalização de obras da Prefeitura de Palhano e filho de agricultor, Simplício Santiago, afirmou que nunca precisou comprar feijão, milho ou mandioca. Tudo era garantido pela cultura de subsistência. “Até o alimento das galinhas ficou prejudicado. Temos que comprar o milho e fica difícil, porque gastamos muito”.
Além da plantação perdida com a chuva, há também os prejuízos dos móveis. Na casa da agricultora Maria Geci de Sousa, 38 anos, toda a mobília está suspensa por tijolos. A água do rio Palhano faz uma correnteza nos dois sentidos. O seu quintal se transformou em uma imensa lagoa. “Fico o dia inteiro aqui para ninguém levar minhas coisas”, diz ela.
O prefeito de Palhano, Nilson Freitas, decretou situação de emergência desde o último dia 30 de abril. Segundo ele, o deslocamento dos moradores por meio de barcos é realizado há mais de 15 dias. Sinal de que o nível do rio Palhano não diminuiu ainda. Além disso, o acesso à cidade, pela rodovia estadual CE-371, está quase interrompido. A cheia do rio, ocasionado pelos açudes particulares que romperam, acarreta em mais estragos no município. “Todas as escolas do município, principalmente da zona rural, estão sem aula. Com isso, são cerca de 1.900 alunos prejudicados, tanto do Estado quanto do município, porque o deslocamento é complicado”, disse ele. O gestor também esclarece que, desde o início dos prejuízos, recebe auxílio da Defesa Civil do Estado, como colchonetes e cestas básicas.
ZONA NORTE
Donativos são entregues por barcos
Os municípios afetados pelas chuvas na zona norte continuam com comunidades isoladas. Apesar do nível das águas dos rios e dos açudes ter baixado, as estradas ainda não oferecem condições para transporte terrestre. Por isso, o único meio de chegar a essas localidades é através de barcos ou helicóptero. Na manhã de ontem, um barco do Corpo de Bombeiros de Sobral seguiu com mantimentos e donativos para a localidade de Marrecas, na divisa de Sobral com Santana do Acaraú. Entre os produtos estavam água mineral, leite e também cobertores.
Conforme a Defesa Civil em Sobral, até a amanhã de ontem, já haviam sido distribuídos entre as famílias desabrigadas pelas chuvas 2.069 cestas básicas, 621kg de leite em pó e 11 mil litros de água mineral, além de peças de roupas como lençol (155), cobertor (355) e 548 sacolas contendo peças de vestuários. Também já foram entregues às famílias 755 colchões e 198 filtros para água.
" A equipe do meruocanews conseguiu catalogar 38 comunidades que estão vivendo completamente ilhadas. Como o nível da água baixou um pouco, algumas dessas localidades estão tendo acesso via terrestre. Mas, mesmo assim, o acesso ainda é difícil”, explicou Jorge Trindade, coordenador da Defesa Civil em Sobral. Ele informou ainda que as comunidades mais afetadas estão em Marrecas, Vila dos Anjos, Alegre e Várzea Redonda. Os distritos afetados foram Bonfim, Taperuaba, Caracará, Aracatiaçu, Patos e Patriarca. Entre os bairros estão Pedrinhas, Tamarindo, Santa Casa, Dom Expedito e Vila Recanto.
Jorge Trindade destacou ainda que o município tem recebido bastante donativos, principalmente por meio da rede de solidariedade formado pela imprensa local. “Nós já recebemos mais de seis toneladas de alimentos doados pela imprensa e a cada momento chegam doações de empresas e outras instituições”.
Em cidades como Santana do Acaraú, Massapê, Marco e Bela Cruz, também há dezenas de localidades completamente isoladas. Essas comunidades estão sendo assistidas por técnicos da Defesa Civil do Estado e Corpo de Bombeiros. Podem ser doados alimento não perecível, roupas, calçados,agasalhos,lençol, colchão, rede.
SERTÕES DE CANINDÉ
Zona rural de Caridade tem localidades inundadas
As constantes cheias do rio Canindé, provocadas pelas sangrias dos açudes Sousa, São Matheus e o Salão, além das sangrias dos açudes de médio porte como Riacho São Francisco, Monte Orebe I e II e Riacho das Pedras, estão causando prejuízos para as 4 mil famílias que residem no Distrito de São Domingos, município de Caridade.Todas essas águas seguem o percurso do açude Pereira de Miranda, em Pentecoste, mas em Caridade deságuam no São Domingos, onde geram uma calamidade. Desde o dia 25 de abril que essas famílias estão ilhadas, sem poderem sair da localidade por falta de acesso. A passagem molhada de 120 metros sobre o rio Canindé rompeu, causando uma série de prejuízos na lavoura, comércio e patrimônio público. Os moradores estão sem receber assistência médica do Programa Saúda da Família, as aulas foram suspensas e as mães não estão permitindo que as crianças venham para a creche, temendo uma tragédia.O clima entre os moradores é de medo e apreensão. Segundo o vereador José Botelho, a situação é preocupante. As aulas estão suspensas por falta de transporte e os doentes assistidas pelo PSF correm risco de agravo nas enfermidades.
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