Das 100 escolas com médias mais baixas, 16 são do Ceará, que só perde para o Espírito Santo, com 31 unidades
Política pedagógica: unidade trabalha a contextualização e interdisciplinaridade em todas as séries
O Ceará obteve o segundo pior desempenho no ranking das 100 instituições com médias mais baixas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010, da lista de escolas com mais de 75% de participação. Liderando o ranking está o Espírito Santo, com 31 instituições.
Em seguida, vem o Maranhão (11), Amazonas (9), Bahia (4), Minas Gerais (4), Piauí (4), Paraná (3), Rio Grande do Sul (3), Tocantins (3), Sergipe (3), São Paulo (2), Goiás (1), Mato Grosso (1), Pernambuco (1), Rio Grande do Norte (1), Roraima (1), Rondônia (1) e Santa Catarina (1).
Os dados foram divulgados, ontem, pelo Ministério da Educação (MEC). O estudo foi dividido em quatro grupos, de acordo com a porcentagem de participação de estudantes no exame. Escolas com menos de 2% de participação não foram consideradas. De acordo com o MEC, não é possível estabelecer comparações entre os resultados de grupos diferentes.
O desempenho dos alunos melhorou. A nota média global das escolas subiu de 501,58, em 2009, para 511,21 em 2010. A participação dos estudantes que concluíram o Ensino Médio também aumentou, passando de 45,8% em 2009, para 56,4% no ano passado. Na lista das escolas com pior desempenho, entre as que tiveram mais de 75% de participação, estão as escolas públicas. Das mil piores, 704 são públicas, enquanto 296 são particulares.
Análise
Roger Mendes, coordenador de aperfeiçoamento pedagógico da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), destaca que, mais importante do que avaliar as primeiras colocações é analisar o quanto o Estado avançou com relação a anos anteriores, o que, por enquanto, não pode ser feito, pois, como os dados foram divulgados ontem, essa análise ainda está sendo realizada. "As primeiras colocações são importantes para avaliarmos onde queremos chegar", frisa.
O gestor ressalta ainda que é preciso levar em consideração as características dos alunos de escola pública, pois há um fator social atrelado. Muitos deles, cita Mendes, só tem acesso a bibliotecas e internet em banda larga na escola.
"O ranking coloca a escola pública como incompetente e a escola particular como competente, o que não acho justo, pois na rede particular a distorção idade-série é praticamente zero, ou seja, os alunos estão estudando na época certa", destaca o coordenador.
Segundo Mendes, no Ceará, 52% dos alunos de escolas públicas possuem distorção na idade-série. Para minimizar essa situação, a Seduc lançou o Programa de Alfabetização da Idade Certa (Paic), que atua na rede municipal concedendo livros e contribuindo com a formação dos professores. O objetivo é que as crianças não tenham reprovação na idade fundamental. Mendes comemora que houve uma ampliação na participação dos alunos, passando de 75% no ano passado para 85% este ano.
A partir do ano de 2009, os resultados do Enem passam a ser utilizados na implementação de outras políticas públicas, como a democratização das oportunidades de acesso às vagas no sistema de Ensino Superior; a certificação de Jovens e Adultos no ensino médio; a reestruturação dos currículos do ensino médio.
O Enem 2010 teve a participação de mais de 3 milhões de alunos, com 816.344 participantes a mais que a edição de 2009. A próxima edição do exame será realizada nos dias 22 e 23 de outubro. Em 2012, o MEC vai realizar duas edições do exame.
Para o coordenador de avaliação e acompanhamento da Educação da Seduc, Kenedy Santos, a divulgação das médias por escola é um importante elemento para a melhoria de ensino, de motivação dos estudantes e para impulsionar uma reflexão sobre o processo educacional, mas o problema do Enem ainda é o caráter voluntário. "Para algumas instituições, o número de participantes é pequeno. "Determinada escola pode não estar sendo representada porque teve uma taxa de participação irrisória. As que participaram com menos de 12% nem foram consideradas". Conforme o coordenador da Seduc não é possível ter uma avaliação fidedigna enquanto todos os alunos não fizerem as provas.
De acordo com o mestre em Educação, Marco Aurélio de patrício Ribeiro, o Enem adquiriu uma importância maior para os alunos com as mudanças de regras. Segundo o especialista, três coisas tornam, atualmente, o Exame atrativo. A primeira delas é o acesso às universidades públicas. Muitas delas, hoje, têm como processo de seleção apenas as provas do Enem.
Além disso, alunos de escola pública têm acesso ao Programa Universidade Para Todos, do Governo Federal. "Só quem não faz o Enem são os jovens que podem pagar uma faculdade particular. O aluno que tem interesse de ter um futuro faz o Exame". Para ele, houve uma melhoria nos resultados dos alunos. "Eles entenderam a importância do Enem e estão mais motivados".
O especialista pontua que o processo de melhoria da educação é lento, mas constante. "Estamos melhorando".
PREPARAÇÃO
Colégio Militar é o primeiro entre as escolas públicas
Dentre os colégios da Capital, os militares costumam receber boas avaliações em comparação com outras escolas da rede pública de ensino. A estatística se confirma no ranking de pontuação (ano 2010) do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O Colégio Militar de Fortaleza (CMF) é a escola pública com melhor colocação no Ceará e entre as dez melhores do Estado, entre públicas e privadas.
Coronel Luciano Pennas, comandante do Colégio Militar, explica que a política pedagógica da unidade é bem adaptada à Matriz de Referência do Enem: "A contextualização e a interdisciplinaridade, que são pressupostos do Enem, já são trabalhados em todas as séries, do 6º ano do Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio".
Outro diferencial, de acordo com o comandante, é que os alunos do Ensino Médio participam de oficinas diferenciadas, específicas para o Enem, no turno extra-curricular.
A estudante Bárbara Feitosa, 16, diz que aproveita bastante as oficinas e as julga eficazes na sua preparação. Ela conta que os professores, que trabalham em dedicação exclusiva, estão sempre dispostos a tirar dúvidas e a ministrar aula-extras sempre que solicitadas pelos alunos.
O comandante ressalta também o estímulo à integração entre os alunos, explicando que não há turmas especiais na instituição. "Nós incentivamos a troca de saberes e experiências, de modo que os estudantes se ajudem", diz ele.
O avanço tecnológico também chega nas instituições públicas. O Chefe de Divisão de Ensino do CMF, tenente-coronel Wallace, diz que todas as salas vão contar com projetores multimídia e já está sob processo licitatório a aquisição de lousas interativas.
O Colégio Militar é uma instituição federal cujo sistema de ensino é regido pela Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial do Exército. A mensalidade varia de R$130,00 a R$150,00. Mais de mil estudantes enfrentam processo de seleção do colégio, todos os anos. São ofertadas 45 vagas para o 6º ano do Ensino Fundamental e dez vagas para o 3º ano do Ensino Médio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário