A nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, declarou na noite desta sexta-feira que não existe plano de aumentar o preço da gasolina oferecido ao mercado distribuidor.
— Não está programado reajuste. Não podemos passar volatilidade de preço do petróleo (tipo) "brent" (negociado internacionalmente) para dentro do mercado brasileiro, porque precisamos desse mercado saudável — disse Graça em entrevista a jornalistas.
O preço defasado em relação ao mercado internacional foi a principal causa da queda de 52% no lucro da Petrobras no quarto trimestre de 2011, para R$ 5,049 bilhões.
Ela também afirmou que sua equipe de diretores e presidentes de subsidiárias está formada e não pretende fazer alterações: — Essa equipe de diretores e presidentes de distribuidoras é a minha equipe.
Graça declarou que o principal "foco" de sua gestão na presidência será reforçar a "gestão" da empresa, embora não tenha se comprometido com nenhuma meta específica. — Meu perfil é de gestão e execução.Sou bastante combativa, discuto muito, pra mim é tudo em cima de números.
Primeira mulher a presidir a Petrobras, ex-catadora de lixo e ex-moradora do Complexo do Alemão, Graça chegou a chorar na cerimônia de posse, em que compareceram governadores, ministros e a presidente Dilma Rousseff.
No encerramento do seu primeiro discurso na presidência da Petrobras, Graça jurou "fidelidade incondicional" à presidente Dilma Rousseff, a quem agradeceu a confiança pelo cargo.
—Externo minha fidelidade incondicional à presidente Dilma Rousseff. Agradeço a senhora e ao ministro Guido Mantega a confiança de entregar a mim o mais alto posto de uma das maiores empresas do mundo — declarou Graça.
Dilma, que discursou depois de Graça, fez elogios à nova presidente da empresa:
—Sem sombra de dúvida com a Graça na presidência, a Petrobras estará em boas mãos. Conheço bem a capacidade de trabalho, a competência, a seriedade, com que a Graça se dedica. Não só a esta empresa, como a tudo que fez e faz na sua vida profissional — disse. —A Graça saberá dar continuidade e ampliar as conquistas alcançadas pela Petrobras na gestão do nosso querido José Sergio Gabrielli.
No último discurso como presidente da Petrobras, Gabrielli disse que estava "triste" e "alegre" ao entregar o cargo para Graça. Ele vai ser secretário do governo de Jacques Wagner na Bahia.
— Saio triste, porque encontrei pessoas extraordinárias nos nove anos que fiquei. Saio também alegre porque sei que Petrobras será presidida por pessoa de extrema capacidade, competência e companheirismo —declarou Gabrielli em discurso para cerca de 500 convidados no auditório da empresa no centro do Rio.
Para simbolizar a transferência do cargo, Gabrielli passou o crachá de presidente da Petrobras para Graça Foster.
Ele agradeceu à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela sua indicação e permanência no cargo. Enalteceu suas realizações e fez questão de lembrar que os "interesses contrariados são muitos".
Ao se despedir do cargo, Gabrielli citou canções de Paulinho da Viola, Gonzaguinha e Daniela Mercury: — É hora da chegada na Bahia. Saio com sensação de dever cumprido. Saio com vontade de levar pra minha terra os aprendizados daqui. Lembro de Paulinho da Viola: 'Não sou eu quem me navega / Quem me navega é o mar'. Não consigo esquecer Gonzaguinha cantando: 'Eu vou à luta com essa juventude / Que não corre da raia a troco de nada'. Por fim, versões da boa baiana Daniella Mercury: 'Dona Canô chamou, eu vou./ O chamado de Dona Canô / Eu não posso negar'".
Elogios
Políticos e executivos presentes à cerimônia elogiaram a escolha de Graça Foster. Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), disse que a escolha de Graça é ótima para a empresa.
—Eu já trabalhei com ela. É uma excelente gestora e tem uma capacidade técnica enorme. Conjuga o lado técnico e gerencial. — disse Tolmasquim, lembrando que o consumo de energia deve crescer 4,5% esse ano.
Wagner Victer, presidente da Cedae e funcionário licenciado da Petrobras, ressaltou que há muito tempo a empresa não tinha um presidente oriundo de seu próprio corpo técnico. Segundo Victer, Graça é a primeira presidente da Petrobras com essa origem desde Alfeu Valença, no governo Collor.
— Para a companhia, isso é muito bom, pois todos se sentem valorizados. Ao contrário do que se diz, ela é firme, doce e com entendimento. Seu único defeito é não ser tricolor, e sim botafoguense. Mas ela sai na União da Ilha, que é a minha escola — brincou Victer.
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ e ex-presidente da Eletrobras, ressaltou que não haverá mudanças substanciais com a posse de Graça Foster, já que o governo é o mesmo. Ele afirma que a escolha de Graça valoriza o técnico de carreira da estatal, já que a executiva não vem da política, embora, José Sergio Gabrielli tenha feito uma boa gestão.
— Eu me preocupo apenas com a produção. Já que Guilherme Estrella (ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras) teve um papel importante na condução do conteúdo nacional — disse Pinguelli.
O presidente do Sindicato da Indústria Naval (Sinaval), Ariosvaldo Rocha, considera que a entrada de Graça na presidência dará mais agilidade à Petrobras.
— Ela tem o conhecimento técnico da empresa e do mercado. Ela mistura técnica e gestão — disse Rocha.
Murilo Ferreira, presidente da Vale, estão entre as pessoas que aguardam o início da cerimônia. Ferreira evitou fazer comentários, limitando-se a dizer que “hoje é a vez da Petrobras”.
Também estiveram no evento o empresário Eike Batista, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES), Luciano Coutinho, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, o ministro da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
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