A ausência do próprio Marcos Cals ao anúncio do seu nome já é bem uma demonstração do seu constrangimento
Marcos Cals não compareceu ao evento em que seu nome foi anunciado
O deputado estadual Marcos Cals, inegavelmente, é um dos bons quadros da política cearense, mas não está preparado para disputar o cargo de governador do Ceará, até por culpa do seu próprio partido, o PSDB, que não sonhou com este momento, acomodado que estava na sustentação do atual Governo, apesar de uma ou outra dissidência. E porque não trabalhou a candidatura majoritária e a ela está sendo levado, o Ceará, pobre de lideranças, corre o risco de jogar para as calendas uma das que lhes poderiam ser úteis.
Quem conhece o Marcos Cals tem ideia do sofrimento que ele experimenta, neste momento. Amigo, inteligente, perspicaz, e acima de tudo ético no mundo aético da política, sabe que ele não tem discurso para pedir votos contra o governador a que serviu desde o primeiro momento de sua instalação, em janeiro de 2007 até abril deste ano, quando saiu para atender à legislação eleitoral, por ser candidato à reeleição, fazendo elogios ao governador.
Silêncio
Ninguém o fará contestar o atual Governo, nos palanques, no rádio e na televisão. E que apelo terá para convencer o eleitor que poderá fazer melhor se nunca esboçou reação a qualquer das políticas que foram experimentadas ao longo dos anos, mesmo que equivocadamente. Ao contrário, senão as elogiou, manteve o silêncio do consentimento. E como não pedirá votos atacando o concorrente (o seu comportamento de hoje é a garantia para tal afirmação), também não endossará qualquer afirmação dos correligionários nesse sentido.
Marcos Cals, nos últimos dias, a partir do momento em que o seu partido anunciou que teria candidato próprio ao Governo do Ceará, nunca escondeu, dos amigos, sua preocupação com o atual quadro. Sempre descartou a possibilidade de vir a ser candidato a um cargo majoritário, como já havia feito quando o próprio PSDB o estimulou a mudar o domicílio eleitoral de Boa Viagem para Fortaleza, como fez recentemente o presidente Lula com o deputado Ciro Gomes, que deixou de ser eleitor de Fortaleza para poder votar e ser votado em São Paulo.
O tucano é consciente das dificuldades de uma eleição majoritária. Sabe que jamais será um candidato competitivo na disputa pelo Governo do Estado, se não conseguir juntar R$40 milhões para os gastos da campanha, uma estrutura partidária coesa que lhe permita trabalhar sem os percalços motivadores das derrotas antecipadas. Marcos Cals tem plena consciência de que ele próprio não conseguirá tão expressiva soma de recursos e ficando na dependência dos outros fará uma campanha fragilizado.
Também sabe que não conta com todos os seus atuais companheiros de partido. Ele próprio ouviu quando o deputado Nenem Coelho disse ao senador Tasso Jereissati que só não votaria em Cid Gomes se o candidato fosse o próprio Tasso. Outros deputados seguem o mesmo caminho, embora não tenham feito tal afirmação.
O deputado não estava presente, mas tomou conhecimento como foi o encontro dos tucanos ontem. Todas as manifestações foram em defesa da candidatura de Tasso Jereissati. O nome de Marcos Cals só foi citado por Tasso e, segundo alguns, para aliviar as pressões contra ele próprio, visto que o anúncio do nome do candidato não estava definido para ser ontem
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