O abalo sísmico fez com que o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, encurtasse uma viagem aos Estados Unidos
Sete mortos, 50 feridos e três mil desabrigados. Este foi o saldo do terremoto registrado ontem no norte da Itália e que alcançou os 6 graus de magnitude na escala Richter, disse o responsável de Defesa Civil da região Demetro Egli.
Na fábrica de Bondeno, na província de Ferrara, região de Emilia Romanha, morreu um trabalhador marroquino de 29 anos, que terminava seu turno às cinco da madrugada. Uma viga despencou na sua cabeça depois que o teto da construção caiu. Os outros trabalhadores não sofreram ferimentos.
Nicola Cavicchi, que tinha decidido substituir uma colega, e Leonardo Ansaloni, que terminavam seu turno às seis da manhã, trabalhavam no departamento de cocção da fábrica de cerâmica de San Agostino quando o telhado caiu em cima deles e morreram, disse o representante do sindicato local Victor Battagia.
Uma mulher alemã, Gabi Ehsemann, de 37 anos, que estava na Itália por motivos de trabalho, morreu em San Alberto de San Pedro em Casale, Bolonha, provavelmente por causa de uma crise provocada pelo medo durante o terremoto.
Uma mulher de mais de cem anos de San Agostino também morreu devido à comoção causada pelo tremor. Um trabalhador da Tecopress, uma fundição em Dosso, bairro de San Agostino, foi encontrado morto. A sétima vítima foi uma mulher de 86 anos - Anna Abeti, moradora de Vigarano Mainarda, que sentiu-se mal e teve um derrame.
Removidos
Na localidade de Mirandola, província de Ferrara, os doentes em estado grave do hospital local foram removidos, assim como os idosos de um asilo. O terremoto de 6 graus de magnitude na escala Richter registrado às 2h03 deste domingo (horário local, 11h03 de sábado em Brasília) na região de Emília-Romanha (norte da Itália) foi sentido também em outras localidades como Toscana, Vêneto, Lombardia, Tretino-Alto Ádige e Friuli Venezia Giulia.
O tremor, que teve seu epicentro a 5 quilômetros a leste da localidade de San Felice sul Panaro, segundo o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália, foi precedido por outros dois, um de intensidade 4,1 e outro, de 2,2 graus. Em várias cidades, muitas pessoas saíram para as ruas em pânico ao sentir o tremor, que durou cerca de 20 segundos. Segundo o Serviço de Vigilância Geológica dos Estados Unidos (USGS), o tremor foi registrado a uma profundidade de 10,1 quilômetros. Os italianos reviveram o terremoto de Abruzzo (centro da Itália) que, no dia 6 de abril de 2009, teve uma magnitude de 5,8 graus na escala Richter, provocou a morte de 308 pessoas, 1.600 feridos e milhares de deslocados, devastando povoados da região e o centro histórico da cidade de Áquila.
Um novo tremor, de 5,1 graus na escala Richter, foi registrado neste domingo às 10h18 ( horário de Brasília) na Itália como réplica do terremoto que atingiu o país na noite de sábado, provocando novos desabamentos, apontaram especialistas do Instituto de Geofísica italiano. Foi registrada apenas uma pessoa ferida, um bombeiro que foi levado ao hospital em estado grave pós ter sido atingido pelo desabamento da Torre do Relógio de Finale Emilia.
Evacuação
Por conta do primeiro tremor de terras, na noite de sábado, três mil pessoas foram deslocadas ontem na Itália. A maior parte dos deslocados encontra-se na província de Modena, e outros 500 foram evacuados na província de Ferrara, enquanto réplicas continuam sendo sentidas, algumas de forte intensidade.
Segundo o jornal "Il Corriere della Sera", o tremor causou um prejuízo de 250 milhões de euros à associação de fabricantes de queijo parmesão. O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, vai encurtar a viagem aos Estados Unidos, onde participa da reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Monti voltará ao país para acompanhar a situação depois de um ataque a uma escola e do terremoto, incidentes que deixaram mortos e feridos. "Em virtude dos graves eventos, ele só participará do primeiro dia de trabalho da cúpula da Otan", disse uma porta-voz.
Vítimas
6 Graus na escala Richter foi a magnitude do terremoto que deixou sete mortos e 50 feridos, no último sábado, na região norte da Itália
Abalo sísmico causa prejuízos
A região do nordeste da Itália sofreu "notáveis danos ao patrimônio cultural", depois do forte terremoto da madrugada deste domingo, informou em nota o ministério para os Bens Culturais. "Depois de uma primeira avaliação, (observou-se que) os danos foram notáveis", diz o comunicado, ao fazer um primeiro balanço do terremoto, que causou a morte de pelo menos seis pessoas, deixou dezenas de feridos e destruiu monumentos históricos da região de Ferrara, cidade declarada Patrimônio Mundial da Humanidade em 1995.
Importantes monumentos de Ferrara, com uma estrutura urbanística que remonta ao século 14, sofreram danos, entre eles a praça Savonarola assim como a fachada do Castelo Estense, emblema da cidade.
O Prédio da prefeitura de Sant´ Agostino, próximo à cidade de Ferrara, foi danificado. Também foram registrados deslizamentos e rachaduras em várias igrejas importantes, entre elas a de São Carlo e de Santa Maria in Vado. Na pequena localidade de Poggio Renatico, na região de Ferrara, a torre do relógio do Castelo Lambertini, sede da prefeitura, foi derrubada.
A Itália conta com um patrimônio artístico inestimável, cuja fragilidade ficou evidente durante os terremotos de setembro e outubro de 1997 em Umbria e Marcas, duas regiões do centro.
Nessa ocasião, a basílica de São Francisco de Assis, famosa pelos afrescos de Giotto, desabou e teve que ser submetida a uma importante e cara restauração. Uma hora depois do terremoto, sentido em todo o nordeste da Itália, houve uma réplica de 4,9 graus no norte da província de Modena, que provocou desmoronamentos de algumas fábricas em Bondeno.
A Defesa Civil informou ainda que o sismo derrubou a igreja de San Felice sul Panaro, na província de Modena. Na cidade de Mirandola, província de Ferrara, os pacientes em estado grave de saúde foram transferidos do hospital local, assim como os idosos de uma casa de repouso. Além disso, foram detectados graves danos materiais em Ferrara, onde se reportaram à polícia e proteção civil desmoronamentos de numerosas casas e prédios históricos.
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