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MAGAZINE LUIZA

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

MINISTÉRIO DA DEFESA: Sai Jobim; entra Celso Amorim

Depois de trocas na Casa Civil e nos Transportes, o Planalto muda o titular do Ministério da Defesa
Em apenas dois meses a presidente Dilma Rousseff (PT) enfrenta mais uma mudança de comando no primeiro escalão. Após a saída de Antonio Palocci (Casa Civil), em junho, e de Alfredo Nascimento (Transportes), em julho, Nelson Jobim (Defesa) deixou o cargo ontem.
O Palácio do Planalto confirmou ontem à noite que Jobim entregou o pedido de demissão e será substituído por Celso Amorim, que foi ministro de Relações Exteriores no governo Lula. As críticas de Jobim às ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), publicadas na revista "Piauí", que circulou ontem foram o motivo da demissão. "Ou você pede para sair ou saio com você", disse Dilma a Jobim ontem, por telefone.
Ele estava ontem em Tabatinga (AM), fronteira com a Colômbia, - na companhia de outros ministros e do vice-presidente Michel Temer (PMDB) - para lançamento do plano de segurança nas fronteiras. Por causa da crise, ele acabou antecipando a volta a Brasília.
Declarações
Nas últimas semanas, gestos e declarações de Jobim azedavam a relação com o governo, sobretudo por ter admitido publicamente que votou em José Serra (PSDB) em 2010 e por ter feito críticas à condução política da administração de Dilma. Ele era um ministro herdado da administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No Amazonas, Jobim e a comitiva, especialmente Temer, chegaram a minimizar o impacto das declarações do ministro. À revista, que preparou um perfil de Jobim, ele disse que Ideli é uma ministra "fraquinha" e acusou Gleisi de não conhecer Brasília. Abordado por jornalistas, Jobim negou ter feito tais afirmações. Disse que tudo fazia parte "de um jogo de intrigas".
"Em momento algum eu fiz referência dessa natureza (a Ideli). Aliás, o que eu realmente reconheço na Ideli é a capacidade, uma tenacidade importantíssima na condução dos assuntos do Congresso", disse.
Em nota publicada na página do Ministério da Defesa na internet, Jobim disse que suas informações foram tiradas do contexto. Afirmou que tem auxiliado Ideli nas articulações no Senado para a aprovação do projeto da Lei de Acesso à informação. Fez, de novo, elogios à "capacidade" da ministra.
Os argumentos de Jobim, porém, não sensibilizaram a presidente Dilma Rousseff. Durante almoço com os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Gleisi, Ideli e Helena Chagas (Comunicação), Dilma disse que tinha tomado a decisão de demiti-lo. Preferia, no entanto, que ele pedisse demissão. Por isso, aguardaria sua volta de Tabatinga.
Dilma estava muito irritada com o fato de Jobim ter se encontrado com ela na quarta-feira, em audiência, e não ter falado nada sobre suas opiniões a respeito das ministras - ambas da cota pessoal da presidente. No mesmo encontro, Jobim deu algumas explicações sobre declarações que soaram mal no governo e saiu dizendo que era ministro "por prazer".
Panos quentes
O vice-presidente tentou, mais cedo, minimizar o impacto das declarações de Jobim: "A ministra Ideli e a ministra Gleisi têm o apreço, o apoio, e palavras de elogio (de Jobim)". Antes de Jobim embarcar às pressas a Brasília, o então ministro assinou o Plano Binacional de Segurança Fronteiriça (Brasil-Colômbia), em Tabatinga. Porém, horas depois, o clima de tensão ficou evidente. Jobim falou ao celular, por uns cinco minutos, isolado. Em seguida, pegou um avião e antecipou o retorno a Brasília.
Filiado ao PMDB, Jobim foi presidente do Supremo Tribunal Federal (2004-2006) e ministro da Justiça do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1997). Integrantes da executiva nacional e parlamentares do PT foram unânimes na avaliação de que Nelson Jobim fez o que pôde para criar constrangimentos à presidente e não tinha mais condições de continuar à frente da Defesa. Alguns mal disfarçaram a torcida pela queda imediata dele. Para os petistas, o ministro foi indelicado com Dilma. Eles disseram não entender a tática de criar sucessivas situações embaraçosas em tão pouco espaço de tempo.
"O ministro Jobim vai mostrando falta de identidade com o governo. Com declarações cada vez mais polêmicas, ele dificulta a convivência com os ministros e com a própria presidente", disse o líder petista na Câmara, Paulo Teixeira (SP).
O deputado Henrique Fontana (PT-RS), que foi líder do governo Lula na Câmara, disse não entender as razões para o "tiroteio público" de Jobim. "É um conjunto de declarações constrangedoras, parece que de alguma maneira ele tomou a decisão, não sei se por erro, distração ou premeditação, de constranger a presidente", afirmou Fontana. "Começar um tiroteio público não é adequado e nenhum governo do mundo aceita isso", disse o deputado.
Novo ministro
A indicação do ex-chanceler Celso Amorim para a Defesa provocou reações contrárias em Brasília. Militares dos altos comandos das Forças Armadas consideraram esta "a pior escolha possível" de Dilma. Para eles, Amorim contrariou "princípios e valores" dos militares quando esteve à frente do Itamaraty. Ministro das Relações Exteriores de Itamar Franco (1992/94) e Lula (2003/10), Amorim foi um dos responsáveis pelo direcionamento da política externa brasileira para o Oriente Médio, a América do Sul, a África e nações emergentes.

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