O projeto, elaborado a partir de um acordo entre democratas e republicanos, será votado hoje no Senado
A Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados) aprovou na noite de ontem o polêmico acordo sobre a elevação do teto da dívida americana. O projeto para evitar um calote do governo americano ainda aguarda decisão do Senado.
O projeto, que inclui um corte de gastos na ordem de US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões) e uma elevação no teto da dívida na mesma proporção, foi aprovado por 269 votos a favor e 161 contra.
O plano agora segue para o Senado, que irá discutir e votar o projeto hoje, data limite antes que os EUA precisem dar um calote nos credores. A suspensão do pagamento das dívidas pode provocar graves consequências nas bolsas de valores globais, no bolso do contribuinte americano e até no sistema financeiro internacional.
A votação no Senado, controlado pelo governo democrata, deve oferecer menos resistência que na Câmara, sob controle da oposição republicana. Em seguida, o projeto precisa ser assinado pelo presidente Barack Obama para se tornar lei.
Numa tentativa de convencer na última hora os parlamentares resistentes ao acordo, fechado com muito custo no fim de semana, Barack Obama enviou o vice-presidente Joe Biden ao Congresso.
Divisão
O governo norte-americano tem um teto legal para a tomada de empréstimos para o pagamento das contas públicas, como o salário dos militares, os juros de dívidas prévias e o sistema de saúde Medicare. O limite atual é de US$ 14,3 trilhões (R$ 22,3 trilhões).
Em linhas gerais, os republicanos se opõem ao aumento de impostos e pedem um corte dramático nos gastos do governo. Os democratas, por sua vez, defendem taxação de fortunas e a blindagem de programas sociais voltados a idosos e mais pobres dos cortes propostos.
O acordo fechado pela liderança dos dois partidos no fim de semana, no entanto, não agradou a praticamente ninguém. Antes da votação, a parlamentar democrata Nancy Pelosi declarou que "respeitava completamente a hesitação" daqueles que não queriam votar a favor do pacote.
Para o secretário do Tesouro dos EUA, Thimoty Geitner, a não aprovação do pacote daria origem a um cenário "catastrófico". O presidente Barack Obama alertou que o país pode voltar à recessão.
Em seu discurso no domingo, Obama disse que o acordo "não é o que eu preferia", alegando que queria fazer cortes por intermédio de uma comissão bipartidária, mas agradeceu os congressistas por terem chegado a um meio-termo.
O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, que ao longo dos últimos meses de negociação travou duros embates com Obama, disse que "este não é o melhor acordo do mundo. Mas mostra o quanto mudamos os termos do debate" em Washington.
Votações
Esta foi a terceira vez em menos de duas semanas que a Câmara dos Representantes votou um acordo sobre a redução do déficit orçamentário e a elevação do limite de endividamento do governo federal.
Na sexta-feira (29), a Casa aprovou um plano republicano, formulado por Boehner, sobre o assunto. Poucas horas depois da aprovação, o projeto acabou sendo rejeitado no Senado, de maioria democrata. No dia 19, um primeiro plano republicano também havia sido aprovado na Câmara, mas não obteve votos suficientes no Senado.
Gastos
2,4 trilhões de dólares é o valor do corte dos gastos públicos, segundo propõe o plano sobre a elevação do teto da dívida. O projeto foi aprovado por 269 votos a favor e 161 contra
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