O governo conseguiu que dois senadores da base aliada retirassem as assinaturas a favor da Comissão Parlamentar
O tucano Ataídes Oliveira (TO)chegou a tirar a sua assinatura, mas a pressaõ de Alvaro Dias o fez ele recuar.
Tendo à frente a própria presidente Dilma Rousseff (PT), que contou ainda com a ajuda de ministros e líderes na Câmara e no Senado, o governo conseguiu enterrar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes requerida pela oposição. Para abortar a CPI, o Planalto prometeu acelerar obras, apoiar um candidato ao Tribunal de Contas da União e até prometer a presença de Dilma à inauguração de ponte.
O governo conseguiu que dois senadores da base aliada retirassem suas assinaturas a favor da CPI. Como a oposição havia coletado 27 assinaturas - o número mínimo para a instalação de uma comissão parlamentar no Senado -, as duas baixas inviabilizaram as investigações destinadas a apurar irregularidades no setor de transportes, que já resultaram na demissão de 27 pessoas, entre elas Alfredo Nascimento do Ministério e Luiz Antonio Pagot da diretoria-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária (Dnit).
O senador João Durval (PDT-BA), o primeiro a retirar a assinatura, recuou em troca da promessa do governo e do PT de apoiar a candidatura de seu filho, o deputado Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA), para uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Até então, a presidente Dilma mostrava-se simpática à deputada Ana Arraes (PSB), mãe do governador Eduardo Campos (PE). Durval teria recebido ainda a promessa de que enfim será construído um anel viário em Feira de Santana, núcleo de sua base eleitoral.
"O governo operou mesmo para impedir a CPI", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). "A CPI não vai servir de instrumento de açoite do governo pela oposição", afirmou. Já o líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), disse que trabalhou nas últimas 24 horas para acabar com a CPI.
Também retirou a assinatura o senador Reditário Cassol (PP-RO), suplente e pai do titular Ivo Cassol (PP). O filho ajudou a levar o pai ao recuo. Segundo informações de bastidores, o filho lembrou ao patriarca que os Cassol são empresários do setor de geração de energia elétrica, e fazem negócios com o governo.
Recuo do recuo
O tucano Ataídes Oliveira (TO), suplente de João Ribeiro (PR), também chegou a tirar a assinatura. Para que ele recuasse, a presidente Dilma prometeu comparecer ao Tocantins para inaugurar a ponte sobre o Rio Tocantins, que liga Miracema do Norte a Lajeado.
Ele foi pressionado também pelo líder do PSDB e autor do requerimento da CPI, Álvaro Dias. Oliveira terminou por recuar do recuo. Ele justificou que havia se arrependido por ter retirado a assinatura.
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