A
avaliação feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que o
julgamento do mensalão teve "80% de decisão política" é um
"troço de doido", segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Marco Aurélio Mello.
"Não
sei como ele tarifou, como fez essa medição. Qual aparelho permite isso? É um troço
de doido", disse.
As
críticas de Lula ao julgamento do mensalão foram feitas pelo petista à rede de
TV portuguesa RTP. O ex-presidente alegou que o mensalão não existiu e disse
achar que um dia "essa história vai ser recontada". Lula disse que o
julgamento teve "80% de decisão política e 20% de decisão jurídica".
Para
Marco Aurélio, o ex-presidente está exercendo o seu "sagrado direito de
espernear". Ele espera, porém, que a tese defendida por Lula não ganhe
ressonância na sociedade. "Só espero que esse distanciamento da realidade
não se torne admissível pela sociedade. Na dosimetria (tamanho das penas) pode
até se discutir alguma coisa, agora a culpabilidade não. A culpa foi
demonstrada pelo Estado acusador", disse.
O
ministro ainda rechaçou outro ponto criticado por Lula. Segundo o
ex-presidente, o julgamento foi "um massacre que visava destruir o
PT".
"Somos
apartidários, não somos a favor ou contra qualquer partido", destacou
Mello. Ele lembrou que, no final da primeira fase do mensalão a composição do
STF era majoritariamente formada por ministros indicados por Lula. Por isso, em
sua avaliação, as críticas do ex-presidente não fecham.
O
presidente do STF, Joaquim Barbosa, também repudiou as críticas de Lula e
lamentou que ele tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para
questionar o Supremo. "A desqualificação do Supremo Tribunal Federal,
pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais
veemente repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão
comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os
cidadãos brasileiros clamam por justiça", afirmou Barbosa.
Decisão
encerrada
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem que Lula tem o
direito de criticar a condenação de petistas. Mas ressaltou que a "ação
penal está encerrada". "A ação penal 470, que tramitou perante a
corte mais alta do país, está encerrada, com o julgamento claro, objetivo,
transparente, respeitado o contraditório e o amplo direito de defesa",
declarou Janot.
"Nós
vivemos num país democrático. O direito de manifestação deve ser assegurado.
Todo mundo tem direito de criticar, sendo político ou não", disse o
procurador-geral.
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