Um dos candidatos à presidência nacional do PT é contra a aliança com PMDB, PDT e PSB e critica Ciro Gomes
Os seis candidatos à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) realizaram o último debate da campanha, sábado à noite, em Fortaleza. A unidade do partido para as eleições do próximo ano foi defendida por todos, mas as propostas vão desde o rompimento com aliados para a apresentação de chapa própria nas diferentes esferas de disputa até as composições para dois ou três palanques para Dilma Rousseff em alguns dos estados brasileiros.
As eleições diretas para escolha dos dirigentes do PT nacional e também nos estados e municípios estão marcadas para o próximo dia 22. No plano nacional seis candidatos disputam a presidência. Para balizar os rumos do partido foram apresentadas oito chapas, sendo que três delas estão alinhadas à candidatura de Geraldo Magela.
Os outros postulantes são: Markus Sokol, Iriny Lopes, José Eduardo Cardoso, José Eduardo Dutra e Serge Goulart. Durante a campanha foram realizados oito debates. Além do novo presidente nacional do PT serão escolhidos os 105 outros membros do diretório, incluindo titulares e suplentes, bem como os integrantes da comissão de ética e do conselho fiscal, cada um com oito componentes.
O debate, marcado para começar às 18 horas começou com quase uma hora de atraso e durou aproximadamente 2h30. Inicialmente cada candidato apresentou as suas propostas, falando 10 minutos. Em seguida, o público teve a oportunidade de se manifestar e depois os candidatos voltaram a falar por mais 10 minutos.
Sorteio
A ordem de apresentação dos candidatos foi definida mediante sorteio. A manifestação do público também foi por sorteio, sendo escolhidos 10 nomes, cada um com direito a falar apenas três minutos. Os trabalhos foram coordenados pelo presidente do diretório estadual, Ilário Marques, auxiliado pelo ex-presidente da agremiação no Ceará, Joaquim Cartaxo.
Uma militante perguntou aos candidatos qual a política para os militantes porque são lembrados somente nas campanhas. Outro militante reclamou de algumas posturas e mesmo reconhecendo que o PT tem um bom código de ética considerou que "ética e moral são letras mortas no partido". O deputado federal Eudes Xavier justificou a ausência da prefeita Luizianne Lins que estava em um encontro de prefeitos e informou que ela participará da comissão de organização da campanha da ministra Dilma Rousseff à presidência da República.
Afastamento
Atendendo a ordem definida pelo sorteio José Eduardo Dutra foi o primeiro a falar. Ele considerou natural a ênfase que está sendo dada por alguns candidatos de afastamento do partido de parte das suas teses originais, mas o balanço do PT em 29 anos de existência é positivo.
Para ele as eleições do próximo ano têm uma característica diferente das demais porque pela primeira vez o PT vai para uma disputa presidencial sem o Lula como candidato e o povo vai avaliar entre o projeto FHC que vendeu o País e o projeto de Lula que mostrou ser possível o crescimento econômico com distribuição de renda.
Iriny Lopes também defendeu a unidade para as eleições de 2010 porque serão muito difíceis, não apenas porque Lula não é candidato, mas porque a direita não está morta, tem projeto, está articulada e se perder não será para o Lula, mas para o PT. Defendeu um partido de militante, admitindo ser preciso discutir como o PT pode ser um partido de massa. Para ela também é preciso repensar a comunicação interna.
Atraso
O terceiro candidato a falar seria Geraldo Magela, mas como chegou atrasado, Serge Goulart expôs a sua proposta. Criticou o atrelamento do partido ao Governo afirmando que a direção do PT soube do lançamento da candidatura de Dilma Roussef, pelo Palácio do Governo, por intermédio da imprensa. Não poupou o Governo Lula ao lembrar os índices de analfabetismo no Brasil e no Nordeste, a reforma da previdência iniciada por FHC e a permanência do Brasil no FMI. Se posicionou contra as alianças com o PMDB, o PDT e o PSB e considerou Ciro Gomes como de "direita disfarçado de socialista".
Para Geraldo Magela o Partido dos Trabalhadores precisa construir a sua unidade na diversidade. Considerou importante a candidatura Dilma e as alianças com todos os partidos que integram a base de apoio ao Governo Lula no Congresso Nacional. Ele admite a possibilidade de o partido abrir mão da cabeça de chapa em alguns Estados e onde não for possível em função das circunstâncias políticas locais deve ser preservada a aliança nacional com dois ou até mais palanques para a candidata Dilma Rousseff. Criticou a cobrança da taxa para votar porque representa apenas 2% do orçamento do partido.
Autonomia
Markus Sokol defendeu como mais urgente no partido a autonomia da agremiação. Para ele é falso o discurso da governabilidade, sendo contra as alianças que estão sendo feitas, inclusive no Ceará, onde defende que o PT tenha candidatura ao governo estadual. Para ele a atitude do partido deve ser autônoma em relação ao governo e sintonizada com os compromissos históricos do PT de luta pela classe trabalhadora e o interesse da nação brasileira.
José Eduardo Cardozo foi o último dos candidatos à presidência do PT a expor seu plano de governo, defendendo que todos devem sair do PED mais unidos do que quando entraram. Ele é favorável a política de alianças, sem intervenção da nacional nas instâncias inferiores. Defendeu mudanças no estatuto do partido e a democracia interna porque o resultado de alguns encontros são conhecidos antes dos trabalhos começarem. Para ele o código de ética do partido é avançado, mas precisa sair do papel.
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