Com área construída de 4.252 metros quadrados, o novo Hospital Veterinário da Favet-Uece vai possibilitar a ampliação no atendimento de pequenos e grandes animais, trazendo vantagens para o controle da sanidade das espécies no Estado
Cerca de 12 mil consultas de pequenos animais foram realizadas em 2009 no Hospital da Favet
O novo Hospital Veterinário da Favet-Uece está em obras e poderá ficar pronto ainda neste ano
Ser um centro de referência em ensino e atendimento de animais é a meta do novo Hospital Veterinário que está em obras no campus do Itaperi, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), na Capital cearense. Cerca de 48% da construção já estão prontos e, a depender da liberação de um aditivo financeiro por parte do Governo do Estado, a unidade de saúde deverá ficar pronta em um ano. Será o maior das regiões Norte e Nordeste do País, com 4.252 metros quadrados de área construída.
O diretor da Faculdade de Veterinária da Uece (Favet/Uece), Célio Pires Rodrigues, afirma que um grande diferencial da nova unidade será oferecer registros em sanidade de grandes animais (bovinos, equinos, potros, suínos etc). Atualmente, os resultados nesta área são feitas em quantidade mínima pelo Ministério da Agricultura, também em clínicas particulares ou no Instituto Biológico de São Paulo. O trabalho garantirá maior controle no que se refere a zoonoses, trânsito de animais, entre outros manejos referentes aos animais de produção.
O projeto total está orçado em R$ 4.322 milhões. Já foram repassados cerca de 27%, o equivalente a R$ 1.173 milhões. O aditivo a ser liberado pelo Governo do Estado permitirá a conclusão das obras até 2011. O trabalho é feito pela Duplo M. Engenharia, com projeto dos arquitetos Neudson Braga e Liberal de Castro. É desejo da Favet agilizar o cronograma para que a inauguração aconteça ainda neste ano, no Dia do Médico Veterinário, 9 de setembro.
A nova unidade terá capacidade para até triplicar o atendimento diário feito atualmente pelo hospital da Uece. Das atuais 50 consultas de pequenos animais (cães e gatos), poderá receber cerca de 150, além de ampliar consideravelmente o atendimento de grandes animais. Para os caninos e felinos serão oito consultórios, dois centros cirúrgicos e uma unidade de tratamento intensivo (UTI). Para grandes animais serão quatro consultórios e um centro cirúrgico. Além disso, a infraestrutura se completa com três canis e um gatil com várias gaiolas.
Célio Pires explica que o aditivo financeiro para as obras faz-se necessário em função da mudança do local original da obra. Projetado inicialmente para área próxima à lagoa do campus do Itaperi, o trabalho demandaria desmatamento de mata ciliar, não autorizado pelo Ibama. Assim, foi transferido para terreno localizado à esquerda dos laboratórios do curso de Física, exigindo trabalho de nivelamento de grande parte do solo. Segundo o diretor da Favet, o Hospital Veterinário teve obras iniciadas em 2008, após autorização no ano anterior. Ele destaca que o projeto recebe forte apoio do governador Cid Gomes e mostra-se confiante na conclusão dos trabalhos.
Ele também destaca que o funcionamento do hospital permitirá a ampliação do estágio supervisionado para os alunos da Favet e de outras universidades do País. Célio Pires diz que já conversou com o secretário de Desenvolvimento Agrário, Camilo Santana, para que a nova unidade fique responsável pelos exames andrológicos, ginecológicos e sanitários das exposições agropecuárias do Estado. A unidade oferecerá especialidades com diagnóstico por imagem e laboratorial em maior quantidade. É meta da Favet-Uece firmar parcerias com associações de criadores, Kennel Clubes e Jóquei Club para prestação de serviços.
Benefícios
"O novo Hospital Veterinário favorecerá o Estado na sanidade de grandes animais"
Célio Pires Rogrigues
Diretor da Faculdade de Veterinária da Uece
"O programa de residência universitária depende totalmente do novo hospital"
Adriana Wanderley Pinho
Coordenadora do curso de graduação da Favet
MAIS INFORMAÇÕES
Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Favet-Uece)
Campus do Itaperi - Fortaleza
(85) 3101.9831/ 9834
PÓS-GRADUAÇÃO
Programa de residência médica em elaboração
A coordenadora do curso de graduação da Favet, Adriana Wanderley Pinho Pessoa, destaca que a mesma importância de um hospital universitário para a Medicina humana tem o hospital veterinário para a Medicina dos animais. "Toda a fundamentação da Veterinária para o aluno depende da prática. O Hospital cumpre papel relevante nessa formação", afirma ela. A Faculdade vai completar neste ano 47 anos de fundação e ainda não tem condições de oferecer a residência médica para os veterinários. Com o novo hospital, esse programa será viabilizado.
Em paralelo à construção da nova unidade hospitalar, a Faculdade de Veterinária da Uece elabora seu Programa de Especialização em Residência Médico-Veterinária. Essa pós-graduação "lato sensu" foi reconhecida recentemente pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Objetiva promover a qualificação profissional de médicos em áreas específicas da saúde animal, por treinamento em serviço.
Como base proposta de implantação da especialização, Adriana Wanderley destaca que o programa deverá promover a competência técnica de profissionais, mediante sua exposição a problemas concretos da prática hospitalar e à necessidade de tomada de decisões, segundo os padrões éticos e técnicos da profissão, sob a supervisão de docentes de alta qualificação ética e profissional e utilizando métodos e técnicas médicas avançados no setor.
Em todo o Brasil, já são 21 universidades públicas e particulares que oferecem o programa de residência veterinária. No Nordeste, destaca-se a Universidade Federal do Piauí (UFPI). "Este programa depende totalmente do novo hospital veterinário", afirma ela, acrescentando que a residência universitária possibilitará um profissional mais consciente da importância de seu papel social na vida da comunidade.
CONSULTAS E CIRURGIAS
Infraestrutura não atende à demanda
A procura por serviços veterinários gratuitos ou de baixo custo aumenta, exigindo melhores condições de serviço
A diretora do atual Hospital Veterinário da Favet-Uece, Marilac Alencar, reconhece que, mesmo oferecendo um atendimento de qualidade, especialmente para cães e gatos, a unidade de saúde tem pequena infraestrutura para suprir toda a demanda. Em 2009, foram cerca de 12 mil consultas, numa média de 1.000 atendimentos de cães e gatos por mês. Foram feitas, aproximadamente, 200 cirurgias mensais, 418 Raio-X e 80 ultrassonografias mensalmente ao longo do ano. Na saúde de grandes animais (equinos, bovinos, potros e suínos), foram 123 atendimentos. "A procura é intensa e não temos estrutura compatível à demanda", afirma a médica.
Ela aposta que, uma vez pronto, o novo hospital vai oferecer muitas vantagens para os criadores. A primeira delas está na redução do tempo de espera para o animal ser atendido. Hoje, há dias em que a espera pode ser de duas horas para a consulta. Outro ponto positivo será a oferta de plantão 24 horas. Atualmente, os serviços são prestados apenas de segunda a sexta-feira, das 8 às 11h30 e de 13h30 às 17 horas.
Marilac Alencar destaca ainda o serviço de internamento que a nova unidade disporá. "O aluno vai poder acompanhar a evolução de todo o quadro de saúde do animal", diz ela, observando que toda a atividade é acompanhada pelo médico veterinário docente, durante aulas. No que se refere ao bem-estar animal, a diretora do hospital veterinário, também professora de técnicas cirúrgicas e clínica da Favet-Uece, observa que, com melhor infraestrutura de atendimento, a nova unidade terá melhores condições para promover a posse responsável dos pequenos animais. Isto porque haverá mais atendimentos para criadores de baixa renda que não podem pagar uma consulta particular.
Um aspecto importante na posse responsável é a castração de cães e gatos. Está em andamento uma proposta de convênio com a Secretaria de Saúde do município de Fortaleza, por meio do Centro de Zoonoses, para triagem de animais a serem esterilizados, como estratégia para reduzir a quantidade de cães e gatos nas ruas, numa ordem de 150 animais por mês. Com o novo hospital, essa quantidade será de 300.
Espera
"A procura pelo atendimento veterinário é intensa e não temos estrutura compatível à toda a demanda"
Marilac Alencar
Diretora do Hospital Veterinário da Favet-Uece
Mais Informações:
Hospital Veterinário da Favet-Uece
Campus do Itaperi - Fortaleza
Atendimento em horário comercial
(85) 3101.9847
Alimento para carneiros
Davide Ronidina
O pequeno produtor José de Oliveira, conhecido como "Zé Tibau", cria carneiros na zona rural de Limoeiro do Norte. Ele quer saber que tipo de alimentação deve dar para os seus animais para que adquiram mais peso e, consequentemente, produzirem mais carne.
Embora na nossa região o criador comercialize seus animais em função do peso do animal, hoje em dia há uma grande tendência de mercado em não produzir somente quantidade, mas também com qualidade. O manejo alimentar escolhido pode produzir diferentes ganhos de peso, como também influencia as características de carcaça e a qualidade da carne. De forma geral, nos sistemas de produção baseados exclusivamente de forragens, as taxas de crescimentos são menores e o animal alcança o abate com uma idade avançada, diminuindo assim a qualidade da carne.
A inserção nas dietas de concentrados, usualmente, melhora o ganho de peso e a conversão alimentar (quantidade de quilograma de carne por quilograma de alimento consumido), reduzindo assim a idade ao abate. Entretanto, a indevida utilização de rações concentradas na alimentação dos cordeiros pode ser causa de transtorno no processo de digestão e na saúde destes animais, além de elevar o custo total do ganho de peso, diminuindo a lucratividade do sistema de criação. Baratear a dieta sem afetar o ganho de peso e a qualidade é possível, e a solução passa sem dúvida pela forragem utilizada, que deverá ser mesclada de gramíneas e leguminosas.
No sistema de engorda confinado, uma sugestão poderia ser o uso de silagens, um tipo de volumoso de elevado valor e economicamente viável. Na dieta baseada em pastagem melhorada, o manejo racional deste alimento por meio de adubação, irrigação e uma taxa de lotação racional pode produzir elevado desempenho, semelhante ao apresentado no sistema confinado por um custo muito menor. Concluindo, lembro como fontes alternativas alimentares a utilização de subprodutos da agroindústria regional, baratos e abundantes durante as safras.
Nas pesquisas destes últimos anos, promovida na Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, obtivemos ótimos resultados com o bagaço de caju desidratado e a raspa de mandioca.
* Engenheiro agrônomo, doutor em Agrobiotecnologia para as produções tropicais e professor de Nutrição de Ruminantes da Favet-Uece
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