O líder do PSDB no Senado, senador Alvaro Dias (PR) encaminhou ofício nesta terça-feira (18) ao Ministério da Justiça pedindo garantia de vida ao ex-policial militar João Dias Ferreira, autor de denúncia de irregularidades nos convênios do Ministério do Esporte, envolvendo o ministro Orlando Silva. O anúncio foi feito depois de uma conversa da bancada de oposição no Congresso Nacional com o ex-policial, que veio ao Senado esta tarde fazer um relato das irregularidades que diz ter conhecimento.
- É visível a existência de uma seleção de crimes neste processo, como corrupção, peculato, prevaricação, improbidade administrativa, formação de quadrilha - enumerou Alvaro Dias, anunciando também que a oposição protocolou na Procuradoria Geral da República representação pedindo investigação das acusações.
No Senado, o ex-policial disse estar sendo ameaçado há cerca de dois anos por conta das acusações que vem fazendo contra o Ministério dos Esportes. José Dias presidiu duas entidades suspeitas de participar de um esquema de desvio de dinheiro por meio de convênios do Ministério dos Esportes. Aos parlamentares, ele contou que as organizações não governamentais precisavam pagar 20% do valor do convênio a integrantes do ministério, a ser repassado ao PCdoB. O recurso seria usado na manutenção do partido e em campanhas eleitorais.
Gravação
João Dias afirmou também possuir o áudio de uma reunião ocorrida em 2008 em uma sala do Ministério do Esporte em que se tratou da prestação de contas do programa Segundo Tempo. O áudio, entregue a um veículo de imprensa, comprovaria o envolvimento do ministro Orlando Silva nas irregularidades denunciadas.
O ex-policial disse ainda não ter a mesma estrutura de Orlando Silva para se defender - enquanto conversava com a oposição, o ministro negava as acusações em audiência conjunta das comissões de Fiscalização e Controle e de Turismo e Desporto na Câmara dos Deputados -, mas afirmou não ter pressa e esperar que o processo judicial, ainda que dure dez anos, constate toda as acusações que faz. Segundo o ex-policial, que estava acompanhado de seus advogados, esta semana procurou a Polícia Federal e o Ministério Público para dar esclarecimentos e reforçar as denúncias. João Dias tinha depoimento marcado na Polícia Federal nesta terça-feira, mas não compareceu alegando problemas de saúde.A oitiva, então, teria sido remarcada para quinta-feira (20).
- A verdade é única, não existem duas verdades. As coisas não estão se encerrando hoje, ainda há muita água para rolar. Vão surgir documentos em breve que vão provar essa situação - declarou, aproveitando para pedir a outras entidades que tenham firmado convênios com o ministério que também procurem o Ministério Público.
Ex-integrante do PCdoB, João Dias Ferreira é réu em processo judicial que tramita em segredo de Justiça, em que o Ministério Público pede sua condenação e a devolução de R$ 3,17 milhões que teriam sido desviados dos cofres públicos por meio de ONGs que tinham contratos com o Ministério do Esporte. Em 2010, o ex-policial chegou a ser preso pela Polícia Civil do Distrito Federal por suspeita de envolvimento no esquema.
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