No contexto do centenário de Juazeiro do Norte, a cidade se prepara para o aniversário do "Padim"
Missa campal na Praça da Capela do Socorro marca a programação de encerramento da semana em memória ao aniversário do fundador da cidade
Fac-símile do Caderno Regional, do último dia 27 de fevereiro. A próxima edição da série sobre o centenário de Juazeiro do Norte vai abordar a questão dos romeiros
Será aberta oficialmente na próxima sexta-feira a Semana Padre Cícero, em comemoração aos 167 anos do fundador da cidade que fará em julho 100 anos. O evento será aberto durante o Governo Itinerante, às 9 horas, no Sesc.
Este ano, o foco das atrações e debates será o centenário da cidade. No dia 17, haverá a abertura da Exposição Padre Cícero e o Centenário de Juazeiro do Norte, às 19 horas, com fotos e objetos do sacerdote. O evento será na praça de eventos do Cariri Shopping. Este ano, uma das principais atrações no dia 24 será o show do padre Zezinho, às 19 horas.
A tradicional seresta com o corte do bolo e show pirotécnico, com a distribuição do caldo da Nair, acontece na virada do dia 24. A festa é feita há décadas e conta com um a grande participação popular. O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Romaria, José Carlos dos Santos, afirma que a programação a ser desenvolvida irá envolver o sacerdote como o grande articulador do processo de emancipação de Juazeiro.
Fórum
No dia 21, às 7h30, haverá a abertura do IV Fórum Padre Cícero, no Colégio Salesianos, com a participação de vários palestrantes e estudantes de diversas escolas do Município. Na Universidade Federal do Ceará (UFC), campus Cariri, haverá uma mesa de debates com vários estudiosos sobre o Padre Cícero e o Processo de Emancipação Política de Juazeiro.
"É uma oportunidade de envolvermos o debate acadêmico junto à sociedade, trazendo para esse atual momento de comemorações dos 100 anos", diz o secretário. Várias atrações serão desenvolvidas de forma paralela aos debates. No dia 18, à noite, haverá um encontro dos corais, no largo da Capela do Socorro.
No dia 20, a tradicional missa do Padre Cícero, é realizada no Socorro, dentro do clima de aniversário, com a distribuição de mudas de juazeiro, do projeto Árvore do Centenário. Este é considerado um dos mais bem sucedidos projetos desde que foram iniciadas as comemorações alusivas aos 100 anos. Já são mais de 35 mil mudas distribuídas para pessoas do Nordeste.
Além de receber a árvore do centenário, é feito um cadastro de quem recebeu a muda para acompanhamento. A Corrida Padre Cícero, com a participação de milhares de atletas, tem sua largada na Praça da Sé, no Crato, no dia 20, com chegada no terminal intermunicipal, em Juazeiro.
Neste mesmo dia acontece o III Cantores de Deus e do Padre Cícero, na Praça da Capela do Socorro, e a Feira de Artesanato, na Praça do Memorial Padre Cícero. Às 20 horas, haverá um show com o cantor Elomar, Camerata Bahia e Cantora Lírica, no Teatro do Sesc.
A XXIII Seresta do Padre Cícero será no dia 23. No encerramentos, dia 24, tem missa campal, às 6 horas, na Praça da Capela do Socorro. Às 17 horas, a Procissão das Flores sairá da Sociedade Padre Cícero com término na mesma Capela.
Aniversário
167 anos de aniversário do Padre Cícero serão comemorados, com programação que enfoca debates e palestras sobre o sacerdote e sua importância na emancipação de Juazeiro do Norte.
REPORTAGENS EXCLUSIVAS
Meruocanews traze cobertura especial do milagre dee Juazeiro
O "Milagre de Juazeiro" foi o tema da primeira edição dos cadernos especiais sobre o centenário da cidade
De vila perdida no nada ao centro de um mundo de devoção e fé. A trajetória singular de Juazeiro do Norte é tema de uma série especial que o Diário do Nordeste publica no ano do centenário da cidade. Até o mês de julho, o Caderno Regional traz a cada mês reportagens abordando a história, a cultura, a gente, a religiosidade, o espaço urbano e outros aspectos de um dos principais centros de peregrinação do Brasil. No próximo domingo, é a vez de falar sobre os romeiros de Juazeiro.
A série foi iniciada no último dia 27 de fevereiro, abordando a visibilidade que a pequena vila de Juazeiro adquiriu a partir de um fato extraordinário: a suposta transformação de uma hóstia em sangue na boca da beata Maria de Araújo, no dia 1º de março de 1889. Logo correu a notícia de que o lugar havia sido palco de um milagre, suscitando uma onda de fervor religioso em torno do local e do padre que havia dado o sacramento, Cícero Romão Batista.
Mas o fato também acendeu a desconfiança da Igreja Católica, temerosa de que ali se formasse um núcleo de místicos e fanáticos, como já havia ocorrido em outros locais do Nordeste. A Diocese do Ceará tratou de negar a existência de qualquer tipo de milagre e puniu Cícero com a suspensão de ordens. As medidas, no entanto, não foram suficientes para sufocar o misticismo popular e as romarias oriundas de diversas partes do Nordeste, ressignificadas na devoção a Nossa Senhora das Dores, padroeira do povoado.
Mesmo suspenso de ordens, Padre Cícero passou a agir como conselheiro espiritual dos mais humildes e a se destacar também pela atuação política. Muitos dos romeiros se estabeleceram em Juazeiro para ficar mais perto do "Padim", enquanto os comerciantes viam naquela movimentação de romeiros novas oportunidades de negócio. O crescimento do local e a articulação política engendrada pelo Padre Cícero permitiram que a vila fosse elevada à cidade, em 1911.
A despeito de o fato ter sido verdadeiro ou não, é inegável que o fenômeno desencadeou o desenvolvimento de Juazeiro como centro de romaria e comércio. De uma atitude de reprimenda e perseguição às romarias, a Igreja Católica hoje adota uma postura mais respeitosa em relação à fé popular em torno do sacerdote, que levou inclusive a Diocese do Crato a iniciar um processo no Vaticano para a sua reabilitação.
Embuste? Milagre? O suposto fenômeno que ocorreu naquela igrejinha de vila perdida no sertão ainda hoje levanta uma série de discussões e questionamentos. Se não existe santo sem devotos, pode-se dizer que a chancela papal muito pouco ou nada vai mudar o sentimento do povo em relação àquele velhinho franzino, de batina preta e chapéu na mão. O padrinho imortalizado nos versos de cordel, nos registros em que é retratado rodeado de anjos. E no seu rosto plácido e sereno os fiéis ainda encontrarão o conforto e o poder de agir nas mais diversas aflições.
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