Após divergências, a aliança militar deve passar a comandar as operações no próximo fim de semana
Avião do Canadá participa das ações na Líbia; ataques já mataram cerca de 100 civis em cinco dias
Os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) chegaram a um acordo, ontem, para que o comando das ações na Líbia, hoje responsabilidade dos Estados Unidos, seja transferido à aliança militar ocidental no próximo fim de semana. A operação é contra o ditador líbio, Muammar Kadafi.
A decisão atende sobretudo aos interesses dos Estados Unidos, que temem se comprometer em conflito cujo tempo de duração é imprevisível.
No entanto, a França afirmou, ontem, que a expectativa é que as operações militares sejam concluídas dentro de dias ou semanas, mas não meses.
Mesmo após passar o comando para a Otan, os Estados Unidos vão continuar realizando ataques contra a Líbia.
O entendimento entre os aliados só foi obtido depois da superação das divergências da França e da Turquia sobre os planos da aliança. A França resistia a que a Otan assumisse o comando político e militar das ações. A solução foi conceder o comando militar da missão à Otan nos próximos dias, mas deixar a coordenação política a cargo de um órgão que inclua a Liga Árabe e a União Africana.
A Turquia, por sua vez, resistia em endossar uma missão que ultrapassasse os objetivos aprovados na resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) - uma zona de exclusão aérea e o fim dos ataques contra alvos civis. Segundo o chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu, as preocupações foram resolvidas, e a participação do país em ações para garantir embargo à Líbia foi aprovada.
Uma reunião em Londres na próxima terça-feira deverá definir as atribuições do grupo.
Ataques
Um jato francês derrubou, ontem, um avião militar líbio que sobrevoava a cidade de Misrata, na primeira violação à zona de restrição aérea imposta no país.
Segundo a imprensa americana, que cita oficiais americanos, o avião líbio era um Soko G-2 Galeb. Ele sobrevoava a cidade de Misrata, cidade sob controle dos rebeldes e que há dias é atacada por tanques e franco-atiradores das forças leais a Kadafi. O incidente seria a primeira violação à zona de restrição aérea no país.
O governo da Líbia informou, ontem, que o número de civis mortos após cinco dias de ataques aéreos da coalizão chegou a 100 e acusou os governos do Ocidente de lutarem ao lado dos rebeldes.
O porta-voz do governo, Mussa Ibrahim, afirmou que o governo líbio acredita que forças ocidentais estão planejando atacar a infraestrutura de transmissão do país. "O que está acontecendo agora é que os governos ocidentais estão lutando ao lado dos rebeldes. Isso não é permitido pela resolução das Nações Unidas", denunciou Ibrahim.
Autoridades militares do Ocidente negam que tenha havido qualquer morte de civil em sua campanha para impor uma zona de exclusão área na Líbia para proteger os civis das forças do governo.
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