A tentativa de esfriar reatores teria sido bem sucedida. Os esforços feriram 19 trabalhadores. Há dois desaparecidos
Pelo menos 19 trabalhadores ficaram feridos e outros 20 foram expostos à radiação durante as operações para reativar o complexo nuclear de Fukushima Daiichi, em meio aos esforços das autoridades japonesas para impedir um desastre nuclear.
Outros dois funcionários estariam desaparecidos. No sábado (12), mais três casos de pessoas expostas à radioatividade haviam sido registrados, de acordo com a agência japonesa de notícias Kyodo.
A companhia Tokyo Electric Power Co. (Tepco), que administra a usina, alertou a agência de segurança nuclear do Japão que o nível da radiação no reator 1 de Fukushima excedeu o limite legal.
A radiação no local seria de 882 microsievert (msv) por hora, acima do nível máximo permitido, de 500 msv - por hora. A agência também informou que o reator 3 da usina (ao todo, são seis) perdeu totalmente a capacidade de resfriamento.
Energia reconectada
O governo japonês informou que engenheiros conseguiram colocar um cabo de energia da rede externa do reator 2 da usina, em meio a uma "bem sucedida operação para esfriar o reator 3". Isso significa um avanço significativo na luta para conter uma catástrofe nuclear.
"Eles planejam religar a energia na unidade 2 assim que o lançamento de água sobre o reator 3 estiver finalizado", afirmou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O cabo, de mil metros de extensão, ligará a rede principal de energia ao reator para tentar reativar o funcionamento das bombas de água responsáveis pelo resfriamento do reator 2, que foram desligadas depois do terremoto e tsunami.
A mídia local e internacional acusam o governo japonês de omitir informações sobre o acidente na usina. Para a imprensa, o desastre é maior do que as autoridades divulgam. O balanço oficial do terremoto e tsunami chegou a 5.692 mortos e 9.522 desaparecidos.
Nuvem radioativa
Especialistas do Serviço de Fiscalização da Radioatividade no Meio Ambiente do Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN) da França afirmam que uma nuvem radioativa causada pelas explosões na usina deverá chegar à Europa na próxima semana, mas estimam que ela não será nociva à saúde.
Cerca de 25 passageiros que chegaram a Taiwan a partir do Japão apresentaram índices de exposição à radiação levemente acima do normal. Na Coreia do Sul, três passageiros também estavam com índices acima do nível permitido. Os passageiros foram liberados por não oferecerem risco à saúde pública. O governo instruiu as autoridades locais a iniciarem testes de radioatividade nos alimentos.
PREVENÇÃO
Segurança nuclear dos EUA será revista
O presidente Barack Obama ordenou, ontem, uma "revisão completa" da segurança nuclear nos Estados Unidos, solicitando, ao mesmo tempo, que as lições do acidente em Fukushima após o terremoto no Japão sejam assimiladas.
Algumas usinas nucleares dos Estados Unidos estão situadas junto a grandes cidades ou foram perigosamente erguidas perto de linhas de falhas sísmicas, ao mesmo tempo em que outras já muito velhas ainda continuam em atividade.
"Quando vemos uma crise como a do Japão, temos a responsabilidade de aprender com ela e tirar lições para garantir a segurança de nosso povo", afirmou Obama. O presidente solicitou que os 104 reatores nucleares dos 65 sítios que os abrigam sejam checados pela segunda vez, num momento em que cientistas advertem que os padrões reguladores não protegem os americanos de acidentes.
Alemanha
Por sua vez, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que quer acelerar o abandono da energia nuclear na Alemanha e negou acusações de que o fechamento de sete usinas atômicas pode ter sido ilegal.
Merkel revogou esta semana uma decisão impopular de prorrogar o tempo de vida de usinas nucleares envelhecidas, atraindo críticas da oposição, que a acusou de estar apenas procurando evitar um grande revés eleitoral nas eleições regionais deste mês.
O governo alemão ordenou por decreto terça-feira o fechamento por pelo menos três meses de todas as usinas nucleares que começaram a operar antes de 1980, para que passem por avaliações de segurança.
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