Provas do hospital: durante entrevista coletiva, ontem, direção do Gonzaguinha apresentou vídeo em que adolescente entrou na unidade, aferiu a pressão e saiu minutos depois
A direção do Hospital Distrital Gonzaguinha de Messejana exibiu para a Imprensa, na manhã de ontem, as imagens da câmera de segurança da unidade do último dia 6, domingo de Carnaval, e comprova que a adolescente C.L., 13 anos de idade, entrou no hospital pela emergência clínica, a 00h36, aferiu a pressão e saiu minutos depois, a 00h44, sem qualquer sinal de que estaria em trabalho de parto. O vídeo e a farta documentação demonstrando que não existe registro do bebê, que a garota assegura que teve no hospital, fazem parte da defesa da unidade perante à Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca). O titular da Secretaria de Saúde do Município (SMS), Alex Mont´Alverne, afirmou que "tudo não passa de uma fraude que precisa ser investigada". Ele acredita que a menina pode também está sendo vítima de armação orquestrada por outras pessoas. "Não creio que ela tenha inventado isso tudo sozinha", disse.
Sem registro
De acordo com o diretor geral do Gonzaguinha, Eusébio Rocha, não existe registro que comprove que a garota deu à luz a um menino prematuro que precisou ser internado na incubadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Existem outras possibilidades, mas o fato está claro: aqui no Gonzaguinha, a menina não foi atendida de forma alguma por qualquer profissional e não teve a criança".
A declaração de Rocha é a mesma de toda a equipe médica que esteve de plantão do Carnaval, incluindo a assistente social, auxiliares de enfermagem, enfermeiras e direção clínica, a UTI neonatal e de obstetrícia. Até a servidora responsável pela limpeza nas salas de parto foi convocada a participar da entrevista coletiva ontem.
A chefe da Ginecologia e Obstetrícia do Gonzaguinha, Elaine Saraiva Feitosa, explica que existe todo um protocolo rígido a ser cumprido durante a gravidez, parto e pós-parto por quem passa pelo hospital, principalmente as adolescentes.
E o que existe no caso de C.L. se resume a dois pedidos de pré-natal que ela não compareceu e o boletim de atendimento da emergência clínica. "Esse último é entregue ao médico que realiza o exame e fica no hospital e o dela está rasurado".
Fora isso, assevera, nada mais. "O plantão foi calmo, tivemos quatro partos - três normais e uma cesária - registrados dentro de processo legal". Até o livro da gestante, entregue pelos hospitais para as mulheres que requisitam pré-natal não está correto. "Quem assinou as páginas, Josias Oliveira, não é funcionário da casa", afirma a diretora de apoio técnico, Ineida Sales.
PERÍCIA FORENSE
Adolescente se recusa a fazer exame de corpo de delito
Uma peça-chave para a resolução do mistério é o exame de corpo de delito que deveria ter sido realizado ontem para comprovar ou não a possível gravidez de C.L, 13. Entretanto, a jovem se recusou a fazer, alegou estar insegura e disse realizá-lo somente na companhia de uma tia que, na ocasião, não se encontrava com ela. Quem informa é a inspetora Célia de Souza, da Delegacia de Combate à Exploração da Crianças e do Adolescente (Dececa).
Para a inspetora, apesar da recusa, haverá uma nota tentativa de realização do exame hoje, a fim de não atrapalhar e atrasar a apuração das provas. "Vamos conversar com ela, convencê-la da importância disto. Vamos nos esforçar para tentar solucionar logo esse caso", declara a inspetora.
O resultado do laudo poderá "desatar" diversos nós, apresentar mais hipóteses para o caso ou descartar outras tais como possível rapto da criança, morte do bebê até total inexistência da gestação, explica.
Esta já é a segunda tentativa, por parte da Dececa, em realizar exame de corpo delito na garota; na última quarta-feira a menina foi impossibilitada de fazê-lo por não estar portando os seus documentos obrigatórios.
Durante a tarde de ontem, C.L foi atendida por técnicos da Equipe Multidisciplinar do Programa Aquarela, ligado à Secretaria Municipal de Direitos Humanos (SDH) que preparam relatório de acompanhamento para que, ainda hoje, a garota passe a ser atendida também pelo Conselho Tutelar da Secretaria Executiva Regional VI.
"Estamos prestando apoio emocional e vendo, a partir do desenrolar dos fatos, que ações e em que políticas públicas podemos inserir a jovem", diz a supervisão dos Conselhos Tutelares de Fortaleza, Diana Maia.
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