Japão faz um minuto de silêncio na hora exata em que o terremoto atingiu o país; há pelo menos 7.197 mortos
Crianças indianas acendem velas e rezam pelas vítimas da tragédia no Japão; vários países organizaram atos em homenagem aos mortos e em solidariedade à nação
. Pessoas de todo o mundo homenagearam, ontem, os mortos no terremoto e no tsunami que atingiram o Japão. Na última sexta-feira, a tragédia completou uma semana.
Os japoneses fizeram um minuto de silêncio às 14h46 (2h46 de Brasília), a hora exata que o tremor de 9 graus de magnitude atingiu o país. Parlamentares, que fizeram a primeira sessão após o desastre ontem, governos locais e membros das equipes de resgate pararam as suas atividades para o ato simbólico.
De acordo com o balanço oficial, 7.197 pessoas morreram na tragédia e 10.905 estão desaparecidas. O terremoto e tsunami também destruíram 11.991 casas, provocaram 269 incêndios e danificaram 1.232 estradas do norte e leste do Japão. O número de mortos sobe diariamente, com os esforços contínuos de bombeiros e equipes de resgate em busca de vítimas nas províncias mais afetadas, como Iwate, Miyagi e Fukushima.
Este foi o terremoto mais forte dos últimos 140 anos e o mais devastador em quase 90 anos no Japão, já que superou as mortes registradas no terremoto de 17 de janeiro de 1995, na cidade de Kobe (centro do Japão), que matou 6.400 pessoas. O recorde permanece com o chamado terremoto de Kanto, que, em 1º de setembro de 1923, destruiu Tóquio e matou 140 mil. O tremor do dia 11 levou o país à pior crise após a Segunda Guerra Mundial, segundo o primeiro-ministro, Naoto Kan.
Cerca de 90 mil militares e membros de equipes de resgate japoneses, ajudados por voluntários estrangeiros especialistas em salvamento, vasculham a região devastada em busca de sobreviventes presos sob os escombros ou arrastados mar adentro pela onda gigante.
No entanto, pouco a pouco as infraestruturas de transporte estão sendo restabelecidas na área afetada, o que facilita as operações de resgate e a assistência às 370 mil pessoas que permanecem nos 2.100 abrigos criados após o desastre.
O primeiro-ministro, Naoto Kan, afirmou que "não há espaço para pessimismo"
Tsunami
O tsunami atingiu uma altura de pelo menos 23 metros, segundo um estudo japonês citado, ontem, pelo jornal "Yomiuri Shimbun".
O mais forte tsunami a atingir o Japão após um terremoto foi medido em 38,2 metros, em 1896, precisou o jornal.
O estudo do instituto foi conduzido ontem graças ao sistema de posicionamento via satélite GPS e outros instrumentos de medida, acrescentou o "Yomiuri Shimbun".
A Autoridade de Informação Geoespacial do Japão anunciou que ao menos 400 quilômetros quadrados foram inundados pelo tsunami de 11 de março. Esse número poderia ainda ser revisto para cima.
UNIÃO
´Vamos reconstruir o país mais uma vez´
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, assegurou, ontem, que os japoneses irão "novamente construir o país". "Vamos reconstruir o Japão mais uma vez", afirmou.
Num discurso que foi transmitido pela televisão, Naoto Kan apelou para a unidade dos japoneses e ressaltou também que "não há espaço para o pessimismo nesta crise".
Além disso, ele agradeceu à população pela "calma" que manteve durante uma semana na qual teve que enfrentar dois desastres de magnitude sem precedentes - o terremoto seguido do tsunami devastador e o acidente nuclear.
Kan também se referiu às centenas de milhares de refugiados nas províncias mais afetadas pela tragédia e lembrou que sua situação se viu piorada pelo frio e pela escassez de alimentos, mas garantiu que receberão assistência do governo.
Coalizão
O premiê pretende sondar o Partido Liberal Democrata e outros partidos da oposição sobre uma união do gabinete de governo para formar uma grande coalizão e lidar com a crise nuclear e com as consequências do terremoto da semana passada.
Kan vai se reunir com Yukio Hatoyama, Ichiro Ozawa e Seiji Maehara - todos antigos líderes do partido governista, o Partido Democrático do Japão - para buscar um entendimento com relação a um pedido de união com a oposição. Em entrevista à imprensa, ontem, Kan afirmou que as discussões entre o governo e a oposição já estão em andamento.
Mais cedo, em uma reunião do comitê do partido para resposta ao terremoto, o secretário-geral do Partido Democrático do Japão, Katsuya Okada, propôs a ampliação do gabinete dos atuais 17 ministros para até 20. Em princípio, os legisladores da oposição presentes na reunião concordaram com a ideia. A ampliação, que exigiria uma nova legislação, permitiria a criação de um ou mais cargos responsáveis pelos esforços de recuperação após o desastre natural.
Kan pretende escolher os novos ministros dentro da oposição, com o objetivo de formar uma frente unida para áreas destruídas e para lidar com a crise na usina nuclear de Daiichi, em Fukushima.
Depois do terremoto a oposição japonesa declarou um cessar-fogo político. Ainda assim, a divisão entre a Câmara Alta do parlamento, controlada pela oposição, e a Câmara Baixa, dominada pelo Partido Democrático do Japão, atrapalha a tomada de decisões rápidas.
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