PT QUER PROCESSAR VICE DE SERRA POR ACUSAÇÕES

Indio da Costa ainda foi multado ontem pelo TSE em R$ 5 mil por propaganda antecipada no Twitter, ao pedir voto de um de seus seguidores a José Serra

Indio da Costa afirmou que o PT tem ligações com as Farc e chamou Dilma de "ateia" e de "esfinge do pau oco"

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, ameaçou, ontem, processar o vice na chapa do tucano José Serra à Presidência, Indio da Costa (DEM-RJ), após as declarações do democrata contra o partido e a presidenciável petista, Dilma Rousseff.

"Esse Indio desqualificado quer ser processado. O problema é que ele não vale o custo do papel necessário para a petição", afirmou Dutra em sua página no microblog Twitter.

Indio acusou o PT de ligação com o tráfico e com os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em entrevista ao portal "Mobiliza PSDB", que integra o aparato da campanha tucana na Internet. "Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho dúvida nenhuma disso", afirmou. Em 2005, a revista "Veja" afirmou ter tido acesso a dossiê da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que relataria o envio de US$ 5 milhões das Farc para o PT em 2002, quando Lula foi eleito. O partido negou a acusação, que nunca foi comprovada.

Indio também mirou na adversária Dilma Rousseff (PT). Disse que, se eleita, ela pode dar um "chute no Lula" para governar com petistas acusados de envolvimento no escândalo do mensalão. "Quem nos garante que no dia seguinte à eleição ela não vai fazer o que no Brasil é comum entre criatura e criador? Dá um chute no Lula e vai governar sozinha, com as garras do PT por trás dela", disse. "Em janeiro, se a Dilma é eleita, o Lula volta para casa. Mas o PT fica com todos aqueles mensaleiros", continuou.

Em texto publicado na madrugada de sábado no Twitter, Indio chamou Dilma de ateia e "esfinge do pau oco". Ele fez o ataque após a petista afirmar, em comício na noite de sexta-feira no Rio, que seu vice "não caiu do céu". "Para uma ateia, deve ser duro ter um adversário que cai do céu", reagiu o democrata.

Segundo a coordenadora de Internet do comitê de José Serra à Presidência, a vereadora Soninha Francine (PPS-SP), ão partiu da comunicação da campanha a entrevista que Indio concedeu ao site "Mobiliza PSDB". Segundo Soninha, o site deverá ser incorporado à campanha, mas ainda não foi.

Soninha diz que tinha conhecimento, por acompanhar o site, que Indio participaria de um chat a convite do Mobiliza, mas nem sequer pode assistir.

Também encarregado da comunicação na internet, Sérgio Caruso diz que "nada foi arquitetado". "Ele não foi brifado. Não foi recrutado para bater no PT."

Segundo integrantes do comando da campanha, o Mobiliza - cuja contratação é atribuída ao PSDB - tem autonomia para realização de entrevistas, assim com Indio da Costa.

Multa

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Henrique Neves, multou, ontem, Índio da Costa em R$ 5 mil, por propaganda antecipada realizada em seu Twitter, ao pedir o voto de um de seus seguidores antes do início oficial da campanha eleitoral. Neves acatou os argumentos do PT, que entrou no dia 6 de julho com uma representação contra Costa. Porém, o partido pedia que a multa fosse maior.

"A responsabilidade é enorme. Mas, conto com seu apoio e com o seu voto. Serra Presidente: o Brasil pode mais", escreveu Indio da Costa, no dia 5 de julho, em seu microblog, ao responder um seguidor que havia escrito: "Prepare-se. Ser vice não é fácil".

Pela Lei Eleitoral, a propaganda eleitoral, como pedido de votos, só poderia ter sido feita a partir do dia 6 de julho. A defesa de Indio da Costa alegava que ele exerceu a liberdade da livre manifestação do pensamento e que o acesso à mensagem do político dependeria de "ato de vontade do internauta".

Para Henrique Neves, no entanto, pelas características do Twitter, esse "acesso independe de cadastro", já que "as mensagens são instantaneamente copiadas para as páginas dos seguidores e, possivelmente, são replicadas para tantas outras".

COMÍCIO

Marina Silva: rivais fazem "plebiscito da baixaria"

A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, disse, ontem, em Teresina (PI), que seus adversários Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) promovem o "plebiscito da baixaria". Marina comentava os ataques do vice de Serra, Indio da Costa, a Dilma e ao PT.

"Sinto que eles estão indo por um caminho bem mais perigoso", afirmou Marina. "É a guerra dos dossiês e agora esse tipo de declaração. No meu entendimento, creio que agora o plebiscito é para saber quem vai fazer mais baixarias. Os brasileiros não merecem isso", completou.

Ela disse que não vai entrar no jogo "rasteiro" dos ataques pessoais e afirmou que as críticas que faz são em cima de projetos. Para Marina, a eleição virou um "vale tudo".

A presidenciável leu salmos ao discursar para uma plateia de 300 pessoas. A candidata voltou a comparar sua história de vida com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Sai o Lula, mas entra uma Silva, mas de saia", afirmou.

Cercada por evangélicos que perguntaram sua opinião, Marina ainda ressaltou que é contra o casamento entre os homossexuais aprovado na Argentina. "A gente não pode fazer o discurso do ódio contra essas pessoas. Eu não apoio o casamento gay, mas a minha relação é de respeito e de não promover a discriminação", disse. Marina acrescentou que é a favor do respeito aos direitos civis dos homossexuais e que essas leis devem ser aprovadas pelo Legislativo e não pelo Executivo.