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MAGAZINE LUIZA

domingo, 27 de fevereiro de 2011

PERIGO À VISTA: BOLHA DE CRÉDITO PODE ESTOURAR A LONGO PRAZO

O Capitalismo sempre precisou dos pobres para as vendas a prazo. Agora, as classes C e D são as mais assediadas


Shandra Aguiar defende a pesquisa e a barganha de preços antes de comprar, além de evitar o desperdício como principais características do consumidor consciente ou cidadão

"A gente se sente mal ao perceber que não valeu nada o tempo em que pagou tudo direitinho. Além das ameaças que ouvi por telefone, tive o meu cartão bloqueado". O desabafo é da professora Antel Viana Bezerra de Menezes que viu uma dívida saltar de R$ 2 mil para R$ 4mil e, depois, R$ 8mil pela obra e graça dos juros estratosféricos da financiadora do cartão de crédito, em menos de dois anos.
Há dez anos, usava o cartão e "pagava direitinho", conta. No ano passado, resolveu priorizar a compra da casa própria e se sentiu numa bolha. "Passei a pagar apenas o mínimo", lembra. Tentou negociar a dívida, recebendo proposta para pagar 16 parcelas e a dívida foi para R$ 8.400,00. Após acordo, via Procon, vai passar dois anos desembolsando R$ 300,00 ao mês, com um detalhe: o cartão está bloqueado.
O caso da professora não é raro e atire a primeira pedra quem nunca cometeu um deslize financeiro. A realidade é fruto da falta de educação financeira como afirmam os consultores da área. Como uma peça no jogo do crédito, a professora foi descartada, após sofrer assédio moral, via telefone.
Remédio amargo
Seguindo a filosofia de que remédio amargo é que cura, assim pode ser comparado o tratamento que as financeiras dão aos clientes, considerados especiais e tratados de maneira cordial, enquanto estão dando lucro. Hoje, com um cartão apenas, a professora promete: "Vou controlar melhor minhas contas". Seu drama pode ser vivido por muitos dos brasileiros que, a cada dia, são seduzidos pelas benesses do crédito fácil.
O cartão de crédito, considerado como um mal necessário, é apontado como um dos principais responsáveis pela expansão do crédito. Sobre o assunto, o consultor financeiro e especialista em Economia Doméstica e Direito do Consumidor, Cláudio Boriola é incisivo: "O cartão de crédito quer queria, quer não, provoca sempre um desembolso com incerteza na cobertura dos gastos não planejados".
O consultor explica que "o Capitalismo sempre precisou dos pobres para as vendas a prazo para que pudessem ser sugados sem perceber". Hoje, os cartões de crédito, as vendas a prazo e a "orgia de 50, 60 e 70% de desconto levam as pessoas ao endividamento".
No Brasil, "a farra do crédito começou após o mandato de ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, admite Boriola, que destaca o contexto socioeconômico do País naquele momento.
Na sua opinião, "a classe mais empobrecida, viu-se autorizada e facilitada a fazer gastos com as promessas governamentais de que, pagas as dívidas externas sobraria mais dinheiro para o consumo interno". No entanto, adverte que isso não é bem verdade, justificando: "quem faz sua casa sobre barrancos, futuramente, poderá advir as intempéries do tempo e do credito e, certamente, haverá a "tisnagem" da inadimplência.
Bolha de crédito
Por isso, Boriola não descarta a possibilidade de "uma bolha de crédito no País. "O risco existe. Pode ser a médio ou longo prazo. A facilitação do financiamento interno aos cidadãos, que procuram por fundos para aquisição de moradias, abertura de empresas, aquisição de veículos e, especialmente, aquelas pessoas que estão ainda na informalidade no âmbito do trabalho são componentes dessa "bolha de crédito", que poderá eclodir.
Conforme analisa Boriola, os atuais governantes que encontraram um lastro mais ou menos sedimentado, terem consciência de que riqueza se consegue com alta produtividade, trabalho e gastos sólidos. "No Brasil, ainda é uma expectativa esperançosa, de boa fé, mas poderá falhar", esclarecendo que não se constrói riquezas sem que haja um lastro forte de economia. Países que enveredaram por essa oferta de crédito acabaram sendo afetados, uma vez que os bancos funcionam como a economia de um povo.

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